Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

L-Cartinica é realmente benéfica no tratamento coadjuvante de problemas cardiovasculares?



A L-Carnitina é um aminoácido produzido pelo fígado, principalmente a partir do consumo de proteínas, vem sendo utilizado como co-adjuvante em tratamento de doenças cardiovasculares. Seria essa mais uma promessa da grande indústria de suplementos? Leia mais


Fundamentos Bromatológicos
A L-carnitina é uma amina produzida pelo fígado, rins e cérebro, a partir dos aminoácidos lisina e metionina. Essa molécula tem função fundamental na geração de energia pela célula através do transporte de ácidos graxos de cadeia longa do citoplasma da célula para a mitocôndria, onde serão oxidados e produzirão ATP. 
A partir de uma dieta balanceada, 50g a 100g de carnitina podem ser absorvidas diariamente, sendo a carne e produtos lácteos as maiores fontes de obtenção.
A homeostase dessa molécula é baseada no consumo dietético e na produção endógena associada à reabsorção renal da mesma. Dessa forma, quanto menor a ingestão de carnitina, maior será a reabsorção renal, assim como um aumento no consumo da mesma irá levar a uma maior excreção, o que seria o caso do uso suplementar de carnitina.
Legislação
De acordo com a Portaria nº32, de 13 de janeiro de 1998, a qual foi emitida pelo Ministério da Saúde e Secretaria de Vigilância Sanitária, classificam-se como suplementos: Vitaminas isoladas ou associadas entre si; Minerais isolados ou associados entre si; Associações de vitaminas com minerais. Produtos fontes naturais de vitaminas e ou minerais, legalmente regulamentados por Padrão de Identidade e Qualidade (PIQ) de conformidade com a legislação pertinente desde que não ultrapassem 100% da IDR (Ingestão Diária Recomendada). Acima dessas dosagens são considerados como medicamentos. Já produtos como albumina, aminoácidos, hipercalóricos, bebidas isotônicas e produtos à base de carboidratos são considerados, de acordo com Resolução nº 18, publicada pela ANVISA em 2010, uma categoria de produtos com finalidade e público específicos – Alimentos para Atletas- como é o caso da L carnitina.
O registro da L-carnitina na ANVISA se encontra na categoria de ‘novos alimentos e novos ingredientes’, devendo atender ao Regulamento Técnico Específico de Rotulagem de Alimentos Embalados. É descrito ainda que especificamente para a L-carnitina devem constar no rótulo as seguintes informações:
·         "Não utilize mais do que 2g diários de L -carnitina"
·         "O Ministério da Saúde adverte: não está comprovado que este produto melhore o desempenho físico."
·         "O produto não é indicado para redução de gordura corporal"
·         "O consumo acima da quantidade recomendada pode provocar sintomas como náusea, diarréia e vômito"
Além disso, sabe-se que a Carnitina interage com coenzima Q10, ácido pantoténico e ainda com a colina, reduzindo assim sua excreção urinária e aumentando seus níveis intracelulares.
Discussão
A sugestão de consumo fornecida na embalagem indica que deve ser utilizar 30mL do suplemento ao dia, o que indica um consumo de 2,3 mg de L-carnitina e 5,0mg de ácido pentotênico. Levando em consideração que segundo a Avisa um indivíduo não deve fazer uso superior a 2,0 mg de L-carnitina por dia e que a ingestão diária recomendada de ácido pantotênico é de 5mg, e este é amplamente encontrado em diversos tipos de alimentos, o uso deste suplemento provavelmente irá fornecer uma quantidade em excesso de ambos os componentes. 
Essa substância é considerada uma substância vitamim-like, por apresentar uma estrutura química semelhante à das vitaminas do complexo B, em particular a colina. Trata-se um aminoácido não essencial, sendo produzido pelo organismo através de Lisina e Metionina. Sua função fundamental é a geração de energia pela célula, pois age nas reações transferidoras de ácidos graxos livres do citosol para mitocôndrias, facilitando sua oxidação e geração de adenosina trifosfato.
Estudos mostram que a L-carnitina ajuda a aumentar o rendimento cardíaco, a contração do miocárdio, a produção de ATP e a resistência do coração ao exercício físico. Atua ainda a nível dos triglicéridos, aumentando os níveis de HDL. E no que diz respeito à saúde do cérebro, a L-carnitina pode ajudar a retardar o envelhecimento das células cerebrais. É útil também para promover a concentração, a memória e as capacidades de aprendizagem.
Apesar de muitos estudos demostrarem grandes benefícios da suplementação de carnitinia em problemas cardiovasculares, a sua principal utilização é para perda de peso pela queima de gordura. Hoje em dia esse uso ainda é muito controverso e não existem estudos que suportem essa teoria mesmo com a suplementação. Estudos afirmam que as quantidades excessivas de cartinina no organismo iram ser eliminados pelos rins, o que pode acarretar, no uso excessivo e prolongado, problemas renais.
Bibliografia
AOKI, M. S, et al. Carnitine Suplementation fails to maximize fat mass loss enduced by  endurance training in rats. Annals of Nutriticion and  Metabolism, vol 48, 2003.  
COELHO, C. F, et alAplicações clínicas na suplementação por L- carnitna. Revista de nutrição, volume 18, 2005.
COELHO, C. F., MOTA, J. F., RAVAGNANI, F. C. P., BURINI, R. C. A suplementação de L-carnitina não promove alterações na taxa metabólica de repouso e na utilização dos substratos energéticos em indivíduos ativos. Arq Bras Endocrinol Metab. 2010;54/1
SILVERIO, R., CAPERUTO, E. C., SEELAENDER, M. L-carnitina: além do metabolismo de lipídios. Universidade de São Paulo. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – 2009, 8 (1): 135-145
Portaria nº32, de 12 de janeiro de 1998. Disponível em: <http://www.saude.rj.gov.br/comum/code/MostrarArquivo.php?C=MjI1NA%2C%2C>. Visualizado 28.05.18
Registro ANVISA nº 626980076 - L-CARNITINA LIQUIDA. Disponível em: <https://www.smerp.com.br/anvisa/?ac=prodDetail&anvisaId=626980076

2 comentários:

  1. A presente invenção refere-se ao uso de L-carnitina, ou um de seus sais farmaceuticamente aceitáveis, é descrito em combinação com glicose para a preparação de um medicamento útil para diminuir o número de mortes causadas por infarto do miocárdio agudo, para reduzir o número de dias gasto por pacientes de infarto em cuidados intensivos em hospital, e para reduzir o número de episódios de insuficiência cardíaca pós-infarto, em que a L-carnitina é administrada intravenosamente dentro apenas de algumas horas do início de sintomas de infarto do miocárdio agudo em uma dose inicial de 9 gramas ao dia em combinação com 1000 a 1500 mL de uma solução de glicose a 5% durante 5 dias, após o que o tratamento com L-carnitina é continuado em uma dose de 4 gramas ao dia administrados oralmente.

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  2. Estudos recentes também associam a ingestão de L-carnitina como potencial terapia antioxidante para disturbios neurometabólicos, considerando a facilidade que a mesma tem de atravessar a barreira hemato-encefálica e seu grande poder anti-oxidante. Relaciona-se a deficiência de L-carnitina nos tecidos afetados, o que indica que a suplementação seria bem vinda e também seu uso como antioxidante para evitar danos secundários causados por espécies reativas muito comuns nesse tipo de doença.

    Gene. 2014 Jan 10;533(2):469-76. doi: 10.1016/j.gene.2013.10.017. Epub 2013 Oct 19.

    Alessandro Valdez DRE 113137435

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