Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

sábado, 16 de junho de 2018

Leite fermentado: pode prevenir dermatite atópica em bebês quando usado durante a gestação? Quais os benefícios do seu uso?



Podemos confiar que os microrganismos utilizados na preparação são capazes de amenizar respostas inflamatórias? Oferecer proteção contra patógenos microbianos e equilibrar a microbiota? Há contra indicações de seu uso durante a gravidez? 


Apresentação
O leite fermentado é utilizado há muitos anos e o consumo tem aumentado pelo conhecimento de seus benefícios e suas propriedades terapêuticas.. As marcas popularmente oferecidas nos mercados utilizam diferentes bactérias que apresentam  características probióticas que prometem melhorar a microbiota e prevenir infecções. É possível um produto alimentício oferecer proteção contra patógenos microbianos? O  produto é indicado para crianças e seu consumo pode se estender ao longo da vida.  Entretanto, o exagero do mesmo pode ser prejudicial à saúde.


Composição do leite fermentado: É uma bebida resultante da fermentação láctica com ação probiótica que utiliza microrganismos vivos em sua composição capazes de modular a microbiota.  

Fundamentos bromatológicos
Alguns microrganismos como bifidobactérias podem produzir vitamina K, B12, piridoxina, biotina, ácido fólico e tiamina. Além de estimular o sistema imunológico e ajudar a restabelecer a microbiota após o uso de antibióticos.
Lactobacillus acidophilus produzem lactase e dessa forma  têm sido utilizados para aliviar desconfortos gerados pela intolerância à lactose como cólicas abdominais, náuseas e inchaço.  auxiliam no equilíbrio da microbiota gastrointestinal, melhora da resposta imunológica e prevenção da inflamação intestinal.  
Lactobacillus casei auxiliam na reconstrução da microbiota intestinal demonstrando efeitos positivos também sobre a constipação.

Legislação
RESOLUÇÃO-RDC ANVISA Nº 2, de 7 de Janeiro de 2002, determina que os probióticos são os microrganismos vivos capazes de melhorar o equilíbrio microbiano intestinal produzindo efeitos benéficos à saúde do indivíduo. O produto deve atender o disposto no Regulamento Técnico que Estabelece as Diretrizes Básicas para Avaliação de Risco e Segurança dos Alimentos,  demonstrando que o produto é seguro para o consumo nas condições de uso recomendadas. O fabricante do produto sujeito a este regulamento é responsável pela qualidade e eficácia do mesmo, devendo garantir sua segurança de uso no país.


Discussão e conclusão
O consumo  diário de leite fermentado pode também melhorar a resposta imunológica, prevenindo infecções por  possuírem componentes imunomodeladores responsáveis pela estimulação dos macrófagos a liberarem interleucina-1 (IL-1) que é responsável pela estimulação dos linfócitos T, que são responsáveis pela defesa do organismo.
O uso do probiótico é considerado seguro, podendo melhorar a qualidade de vida dos consumidores. Porém os produtos devem ficar armazenados em temperaturas baixas para que não haja perda dos benefícios e a dose recomendada é de 1 frasco por dia.

Estudos científicos vêm analisando a eficácia de seu uso ao longo da gestação. Mulheres grávidas com risco de atopia que consumiram probióticos apresentaram redução na incidência de DA nos filhos até a idade de dois anos. Redução do risco de eczema nos  primeiros anos de vida no grupo suplementado  e foi observado também  que o lácteo fermentado  não previne contra sintomas de alergia nos pacientes sensíveis ao pólen, mas pode retardar a ocorrência de rinite alérgica moderado e grave.
Houve correlação inversa entre a colonização intestinal e desenvolvimento de dermatite atópica. A suplementação durante a gestação e lactação demonstrou-se  benéfica para prevenir a sensibilização a antígenos inalatórios e alimentares ao aumentar  citocinas envolvidas nos mecanismos de desenvolvimento de tolerância no leite materno. 


Mesmo com muitos artigos demonstrando os benefícios do leite fermentado durante a gravidez e lactação, o exagero pode ser prejudicial à saúde da gestante e do bebê, devendo sempre a gestante consultar o médico obstetra e nutricionista para dieta balanceada. O assunto ainda encontra-se em estudo para que no futuro  os probióticos possam ser utilizados  na modulação da resposta imunológica via suplementação materna.

4 comentários:

  1. A dermatite atópica é doença inflamatória cutânea associada à atopia, predisposição a produzir resposta IgE a alérgenos ambientais, constituindo uma das manifestações das doenças atópicas, junto com a asma e a rinite alérgica (An Bras Dermatol. 2007). A doença pode afetar crianças com poucos meses de vida não havendo uma cura para a mesma. Dessa forma, estudos que demonstram possível modulação da resposta imunológica via suplementação materna através do uso de probióticos podem no futuro colaborar para a redução de muitas doenças inflamatórias em crianças.
    Vale lembrar que embora os microrganismos utilizados nos estudos sejam os mesmos vendidos nos mercados, para cada estudo realizado foi utilizado uma determinada concentração de microrganismos que foram ingeridos pelo grupo de estudo. Não devendo o leitor ingerir quantidade superior à indicada pelo fabricante, estando ciente de que o beneficio do probiótico que está descrito na resolução é apenas a contribuição para o equilíbrio microbiano intestinal, com seu uso associado à uma alimentação balanceada.

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  2. Fernanda Cardoso dos Santos Pereira20 de junho de 2018 às 01:13

    A microbiota humana consiste no conjunto de microrganismos que vivem em harmonia em nosso corpo e é de grande importância para proteção por competição contra patógenos, no estímulo do sistema imune, na metabolização de fármacos, entre outros benefícios. No entanto, desequilíbrios na microbiota, denominados disbioses, podem levar ao desenvolvimento de doenças.
    Alimentos probióticos atuam contribuindo para o equilíbrio da microbiota intestinal e, dessa maneira, levam a diversos benefícios. Contudo, o consumo de leites fermentados deve ser realizado de maneira consciente, assim como qualquer outro tipo de alimento. Cuidados como a quantidade ingerida em relação as valores diários de seus componentes devem sempre ser tomados.
    Em relação ao consumo destes probióticos por crianças, além dos cuidados gerais já citados, deve-se estar atento para a idade. Sabe-se que recém nascidos começam o processo natural de formação de sua microbiota logo após o nascimento. Bebês de até 1 ano de idade ainda apresentam sua microbiota bastante imatura e, portanto, o consumo de probióticos não é recomendado. Recomenda-se apenas amamentação com leite materno nos primeiros meses de vida (até 6 meses) e posterior implementação gradativa de alimentos naturais como frutas e legumes.

    Fernanda Cardoso dos Santos Pereira
    DRE:114152187

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  3. Fernanda Calvente Bayan26 de junho de 2018 às 15:48

    Sabe-se que o organismo humano conta com uma microbiota composta de mais de 100 trilhões de bactérias, que está predominantemente presente no intestino (70 a 80%). Em seu estado normal de equilíbrio (simbiose ou eubiose) é responsável por inúmeras funções, dentre elas, a função imunológica através do sistema GALT lá situado. Quando ocorre o desequilíbrio (disbiose) o organismo passa a ter sua função imunológica comprometida, ficando vulnerável à diversas doenças e infecções. Dessa forma, a saúde e a microbiota possuem uma relação intrínseca.
    A Dermatite Atópica (DA), por sua vez, é uma das doenças de pele crônica recidiva mais comum na infância. Ela caracteriza-se pela alteração do equilíbrio da resposta inflamatória Th1/Th2 com a predominância da resposta Th2 e consequente indução da síntese de IgE com ativação e recrutamento de eosinófilos. Além disso, é mencionado redução de células T reguladoras (Treg), essenciais para regulação da resposta imune, em pacientes com DA.
    Inúmeros estudos relatam uma correlação positiva no uso de fermentados probióticos na DA. Estudos demonstraram que eles podem atuar na DA através da redução da resposta Th2 e do estímulo de Treg e Th1, apresentando como consequência o equilíbrio Th1/Th2. Um estudo que avaliou uma composição fermentada em pacientes pediátricos com DA de 6 meses a 12 anos verificou uma melhora significativa de todos parâmetros clínicos da dermatite atópica, incluindo o Scoring Atopic Dermatitis (SCORAD), um importante parâmetro de avaliação.
    Uma outra vertente que têm gerado atenção no cenário atual aponta que recém-nascidos prematuros possuem um maior risco de restrição do crescimento extrauterino, um estado de crescimento atrofiado devido ao adiamento tardio de nutrientes dietéticos adequados, decorrentes da sua imaturidade e instabilidade clínica. Com o intuito de estimular o trato gastrointestinal imaturo, a alimentação precoce (também referida como trófica) possui um papel notável no processo de maturação e consolida a função de barreira do epitélio intestinal. Leites fermentados já são também estudados nessa condição, o que poderia prevenir complicações típicas da primeira infância, como a DA.
    A ANVISA estabelece que a quantidade de cepas em composições probióticos deve ser de 108-109 Unidades Formadoras de Colônia e classifica-os como alimentos. Assim, são apontados como seguros, não apresentando contraindicações de uso. Porém, pouco há na literatura científica sobre a segurança de tais preparações em pacientes pediátricos, não havendo ainda nenhuma diretriz que preconize uma idade mínima para serem consumidos, tampouco efeitos indesejados com seu uso.
    Assim, o assunto mostra-se promissor, porém a grande maioria dos artigos da literatura ressaltam a necessidade de mais estudos de modo a identificar quais as cepas relacionadas aos seus benefícios.

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  4. A dermatite atopica é uma doença cutânea de origem genética que se expressa de maneira variável dependendo da influência do ambiente. É uma doença inflamatória que se caracteriza pela presença de pele seca, erupções crostas que coçam bastante. Além disso, é muito comum em crianças, como foi dito no texto, mas também se manifesta em adultos.
    Os probióticos são usados para regular a microbiota intestinal e através disso podem exercer efeitos sobre o sistema imune. Eles podem estimular o sistema imune dos indivíduos fazendo com que possuam uma resposta imune mais efetiva contra alguma infecção. Além disso, também podem diminuir uma resposta inflamatória que está exacerbada em um indivíduo por alguma razão. Esta é a sua aplicação no caso da Dermatite atópica.
    O texto transmite de forma boa os efeitos benéficos dos probióticos. Porém, vale ressaltar que seu efeito sobre os recém-nascidos se deve a modulação da flora vaginal e intestinal da mãe, que provoca uma colonização de bactérias mais adequada no intestino do bebê. Isso pode ajudá-lo futuramente se vier a possuir dermatite atópica. Além disso, é importante lembrar que apesar dos efeitos benéficos, os probióticos não devem ser usados em doses maiores do que as indicadas pelo fabricante, médico ou nutricionista, pois pode não gerar o efeito esperado.

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