Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Pesticidas orgânicos: prós e contras


Para começar a se falar sobre o assunto, é necessário primeiro definir o que é um pesticida: toda e qualquer substância utilizada para o combate de pragas em uma plantação. Deste modo, podemos dividi-los em algumas classes, como os quimicamente sintetizados, os biológicos e os produtos naturais. Já são amplamente divulgados todos os malefícios decorrentes do uso de produtos químicos em plantações, por isso cada vez mais pessoas recorrem à agricultura orgânica e ao uso dos produtos naturais. Porém é importante lembrar que mesmo os produtos naturais podem acarretar danos se utilizados de maneira imprópria. Portanto, é necessário sempre pesquisar sobre qualquer técnica que se utilize e consultar profissionais sobre o assunto.

Fundamentos Bromatológicos
Pesticidas orgânicos destinam-se a ser compostos livres de substâncias químicas nocivas, o que resultaria em menor impacto ambiental na sua utilização. Algumas pesquisas discordam dessa premissa, uma vez que, por serem menos eficientes do que os sintéticos, a quantidade aplicada é maior, o que aumenta o impacto no ambiente. 
É importante não relacionar imediatamente os pesticidas orgânicos com as plantações orgânicas, pois nem sempre este é o caso. Uma saída muito utilizada por agricultores orgânicos é a mistura de culturas, utilizando uma como repelente de insetos para outra. Por exemplo, a alfavaca (manjericão de folha larga), atua como repelente de moscas e mosquitos; ou o alho, que atua como repelente para as pragas do tomate, entre outros.

Legislação
A legislação varia de país para país, embora no Brasil muitos dos pesticidas sintéticos já proibidos em outras partes do mundo ainda sejam permitidos, cada vez mais pessoas procuram consumir orgânicos e outras alternativas, como hortas caseiras.
No Brasil, a legislação para a agricultura orgânica ainda deixa margens para muitas dúvidas, porém convenciona-se que o cultivo orgânico não utilize nenhum tipo de pesticida.

Conclusão
Embora os pesticidas orgânicos pareçam uma alternativa ecologicamente saudável para quem cultiva sua própria horta é preciso ter sempre em mente que nem tudo que é natural necessariamente faz bem, e que até os orgânicos em excesso podem vir a ser danosos para o ambiente. Portanto, a melhor alternativa ao uso de compostos sintéticos ainda seria a co-cultura.

Bibliografia
 Autor desconhecido. Enciclopédia culturama. Disponível em: <https://edukavita.blogspot.com.br/2013/05/pesticidas.html> Acesso em 26 de junho 2016, às 18:00.


Brasil. Ministério da Agricultura. Instrução Normativa nº 13, de 28 de maio de 2015.

Bahlai, C. A. et al. Choosing Organic Pesticides over Synthetic Pesticides May Not Effectively Mitigate Environmental Risk in Soybeans. Plos One. 2010.



Barbara Carvalho Lacerda de Almeida

5 comentários:

  1. Bom dia, primeiramente gostaria de parabenizar a Barbara Almeida pelo trabalho e por questionar este assunto que muitas pessoas se confundem atualmente, enfatizando que utilizar produtos naturais não significa que 100% das vezes será algo benéfico. Gostaria também de complementar com um exemplo de pesticida orgânico muito utilizado por pessoas que possuem hortas de pequeno porte em sua casa, utilizadas apenas para consumo próprio. Devido sua facilidade de preparo e a sua eficácia como pesticida, o Tabaco macerado é muito utilizado como pesticida orgânico. O Tabaco macerado é preparado utilizando-se 3 ou 4 cigarros ou folhas de tabaco imersos em meio litro de água ou álcool, macerando por dois dias, em seguida filtra-se o líquido obtido e esse liquido filtrado é pulverizado nos vegetais. Este pesticida orgânico tem como principal molécula ativa a nicotina que age como repelente, a qual está solubilizada na água ou álcool (tem melhor solubilidade em álcool). A exposição a longo prazo a nicotina, somado a uma lavagem não eficiente dos produtos antes do consumo do mesmo pode resultar no aumento da pressão arterial e doenças cardiovasculares, além de ser potencialmente perigoso para crianças. A nicotina é uma molécula psicoativa com efeito estimulante e também efeito tranquilizante, a qual apresenta tempo de meia vida muito curto e isso é responsável pela dependência desta molécula. Além da nicotina, o tabaco contém uma série de outras moléculas que compõem o alcatrão, as quais são potencialmente cancerígenas e podem solubilizar no liquido macerado, e entrará em contato com o alimento, podendo serem ingeridos pelas pessoas.

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  2. A co-cultura é realmente uma ótima saída já que muitas espécies podem ser associadas entre si, pois se favorecem mutuamente.

    Espécies que produzem muita sombra podem ser associadas àquelas que gostam de sombra (Ex. tomate e salsa). Espécies com folhagens ralas podem ser plantadas junto àquelas mais volumosas (Ex. cebolinha e alface). Espécies com exigências diversas em relação a nutrientes (Ex. rúcula e brócolis). Espécies que exalam odores e afugentam insetos (Ex. alface e cebolinha).

    Além disso tem outra técnica que pode ser utilizada no cultivo orgânico, é cobertura morta ou mulch. Nesse caso, os resíduos vegetais como capim picado, cascas de arroz e café, etc, são utilizados na superfície do solo. Essa cobertura altera positivamente as condições físicas e biológicas do solo pois mantém a temperatura do solo estável, dificulta a germinação da vegetação rasteira que compete com a cultura que está sendo cultivada, favorece a reprodução da microvida no solo e estimula o desenvolvimento das raízes das plantas. Essas técnicas contribuem para um solo saudável, uma produção sadia e previnem o aparecimento de infestações. A conservação de faixas de vegetação nativa entre os canteiros auxilia no controle de pragas. Servem de refúgio para diversos insetos benéficos que se alimentam de fungos ou organismos que, sem seus inimigos naturais, poderiam aniquilar a plantação. A fauna silvestre é preservada e a diversidade é essencial para o equilíbrio de varias espécies.

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  3. A discussão é ótima. O tema é bem interessante. Acredito que a co-cultura não seja uma alternativa muito viável. Constitui mais uma forma de melhorar o ambiente e promover o melhor desenvolvimento da planta, prevenindo possíveis infestações mas não se propoe a combate-las.
    O que foi levantado por você Renam, deve ser considerado. Produtos a base de nicotina foram usados por bastante tempo em plantações antes que soubéssemos seus reais malefícios. Acredito que a história irá se repetir com esses pesticidas artificiais que são lançados a cada ano. Acrescento a isso a ideia da pouca praticidade que os pesticidas orgânicos possuem, se limitando a agricultura doméstica como já dito. Preparar um pesticida a base do fumo por exemplo, exige tempo, é trabalhoso e o custo não deve ser dos mais baixos. Perceba que não considero por hora o fator saúde humana.
    Ainda assim, esses pesticidas orgânicos são bons para o meio ambiente, menos donosos a saúde e são uma ótima alternativa para a substituição dos artificiais.
    Um produto que é utilizado há bastante tempo principalmente em agricultura familiar é o óleo de Neem ou Nim. O Nim é uma arvore de médio porte da família do mogno e do cedro de onde é extraído um óleo com propriedade inseticida. O princípio ativo é a Azadiractina, ela atua por diversos mecanismos entre as quais se destacam as propriedades antialimentares nos insetos que tentam sugar ou se alimentar da planta. Possui toxidade bastante baixa aos vertebrados, o que a torna pouco prejudicial ao homem, prolonga o período de desenvolvimento dos insetos, com redução do consumo alimentar, que, aliado à postura reduzida e tardia, diminui o aparecimento de altas populações. A azadiractina fica no organismo do inseto por pouco tempo. Tempo suficiente para comprometer o desenvolvimento do inseto, mas evitando a exposição dos predadores naturais.

    https://www.iagro.ms.gov.br/neem-planta-ainda-pouco-conhecida-no-brasil-pode-proteger-o-rebanho/#:~:text=Azadirachta%20indica%2C%20mais%20conhecida%20como,at%C3%A9%2020%20metros%20de%20altura.

    https://www.cpt.com.br/cursos-agricultura/artigos/nim-6-vantagens-da-azadiractina-no-manejo-integrado-de-pragas

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  4. O tema é bom e por ser uma amante de plantinhas e tendo total pavor de agrotóxicos, apesar de saber que é praticamente impossível fugir deles, fiquei bem interessada. Mas quais seriam algumas das substâncias usadas? Nos agrotóxicos normais temos níveis muito altos de nitratos e por isso todo esse burburinho sobre causarem câncer, mas será que esses pesticidas não se alterariam em contato com alguma outra substância, da própria planta talvez, e se tornassem em algo mais tóxico que o planejado? Ficaram muitos questionamentos, mas a escolha do tema foi ótima. Parabéns.

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  5. tema interessante que aborda uma discussão pouco falada entre a grande população que ao longo dos anos e atualmente em 2020 vem ganhando muitas facetas, com o excesso de liberação de uso de agrotóxicos e pesticidas antes proibidos.
    Só em 2020, o governo já autorizou o registro de mais 284 produtos que serão utilizados como matéria-prima na produção de agrotóxicos.até 2019 o Brasil já tinha ampliado o uso de pesticidas em mais de 338%. No entanto, segundo o relator, o que dificulta o reconhecimento da nocividade dos agroquímicos são as subnotificações de casos de intoxicação e baixo índice de registro de mortes associadas a esse consumo. segundo a ONU a estimativa é de que em 13 anos a exposição aos agrotóxicos no país tenha acarretado de 34 a 51 mil mortes, de acordo com a ONU, embora em consequência de subnotificação foram contabilizados não mais do que 10.666 casos.
    Logo esse tema deve ser amplamente discutido e disseminado para que ocorra a informação da população que deve pressionar o governo para a criação de normas e leis que visem a proteção do bem estar individual e coletivo.

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