A obesidade está aumentando no
mundo todo, o que gera uma maior incidência de diabetes do tipo 2 e outras
doenças relacionadas com um maior consumo de açúcar. Por isso, há uma tendência
cada vez maior do consumo de alimentos considerados “diet” para grupo de pessoas que tenham
algum tipo de restrição. Será mesmo que o produto que você está consumindo atende a sua necessidade? Leia mais
1. Descrição
A Paçoquita é um produto da Santa Helena,
feito à base de amendoim e açúcar. Na versão diet é um doce de amendoim sem
adição de açúcar, mas com o mesmo sabor da paçoquita original. De acordo com as
informações nutricionais contém: Amendoim, maltodextrina, frutooligossacarídeo,
sal, edulcorante natural, sorbitol, edulcorantes artificiais sucralose e
acessulfame. Foi desenvolvida para indivíduos que têm restrição ao consumo de açúcar, como os diabeticos, e pessoas que buscam uma alimentação mais saudável.
2.
Fundamentos Bromatológicos
O índice glicêmico (IG) representa o efeito sobre a glicemia de uma quantidade fixa de carboidrato
disponível de um determinado alimento, em relação a um alimento-controle (normalmente
o pão branco ou a glicose) por meio da analise da curva glicêmica produzida por
50g de carboidrato (disponível) de um alimento teste em relação a curva de 50g
de carboidrato do alimento padrão (glicose ou pão branco). Atualmente
utiliza-se o pão branco por ter resposta fisiológica melhor que a da glicose.
Existem várias formas de os
carboidratos se transformarem em açúcar em nossa corrente sanguínea. Quanto
mais rápido for este processo, maior será a liberação de insulina, que
equilibra o açúcar no sangue. Os alimentos de alto índice glicêmico são aqueles que liberam uma grande quantidade de insulina, aumentando drasticamente a taxa de açúcar no sangue. Os alimentos de baixo índice glicêmico (IG) são
aqueles que liberam pouca quantidade deste hormônio, fazendo com que o açúcar
chegue mais lentamente ao sangue e consequentemente provocando menos fome.
Na Paçoquita diet não há adição de
açúcar (sacarose = glicose + frutose) mas, em compensação, há adição de
maltodextrina (glicose + glicose), um carboidrato com índice glicêmico maior
que o da sacarose, fazendo com que aumente os níveis de açúcar drasticamente na
corrente sanguínea.
IG maltodextrina: 105
IG sacarose: 87
Para o indivíduo que tem diabetes, isso é muito ruim. Pois os níveis de glicose e insulina precisam ser controlados.
3.
Legislação Pertinente
Segudundo a Portaria nº 29, de 13 de janeiro
de 1998 fica definido que alimentos diet "São os alimentos especialmente formulados ou processados, nos quais se introduzem modificações no conteúdo de nutrientes, adequados à utilização em dietas, diferenciadas e ou opcionais, atendendo às necessidade de pessoas em condições metabólicas e fisiológicas específicas.”
Essa portaria também aprova o regulamento técnico referente a alimentos para fins especiais
e classifica-os em Alimentos para dietas com restrição de carboidratos e alimentos
para dietas de ingestão controlada de açucares. Alimentos especialmente
formulados para atender às necessidade de pessoas que apresentem distúrbios do
metabolismo de açúcares, não devendo ser adicionados de açúcares. É permitida a
presença dos açúcares naturalmente existentes nas matérias utilizadas.
Segundo a legislação, podem conter no
máximo 0,5g do nutriente em referência, por 100g ou 100mL consumido do produto
final a ser consumido.
4. Análise
e Discussão
Os alimentos diet sem adição de açúcares são aqueles em que
no preparo não são utilizados açúcares como ingredientes, porém o produto final
pode conter açúcares provenientes de seus próprios ingredientes. Dessa forma,
mesmo sendo “diet” e sem adição de açúcar, alguns produtos não poderiam ser
destinados à pessoas que tenham restrição alimentar, como os diabéticos, por
exemplo, pois elevam os níveis de glicose no sangue da mesma maneira ou, até mesmo, de uma forma pior.
Teoricamente, o que ocorre é que, ao ingerir
alimentos com alto IG, o organismo libera grandes quantidades de insulina para
tentar manter os níveis de glicose no sangue dentro de limites normais. Este
aumento na produção insulínica contribui para menor saciedade após as
refeições, podendo levar ao consumo excessivo de alimentos, contribuindo para desenvolver
obesidade e piora do quadro de resistência à insulina.
A importância dos estudos sobre IG está vinculada aos possíveis efeitos fisiológicos de dietas com baixos IGs. Este recurso tem sido muito importante no controle da diabetes, na redução do nível plasmático de HDL, bem como na melhora do desempenho físico e controle da saciedade. Em 2003 a Organização Mundial de Saúde, concluiu que alimentos de baixo IG, possivelmente diminuem o risco para o desenvolvimento do diabetes do tipo 2, devido ao melhor controle na liberação de insulina, bem como da obesidade, pelo aumento da saciedade, além de não contribuir para consumo excessivo de alimentos na refeição posterior.
Outro ponto importante é o valor
calórico, pois no processo industrial da Paçoquita Diet há um acréscimo maior de gordura para que
ela tenha uma textura semelhante à paçoca tradicional. Entretanto a
gordura é mais calórica do que o açúcar, deixando a paçoca diet mais calórica
que a sua versão tradicional, sendo ruim para quem deseja perder peso atravéz de uma alimentação menos calórica.
|
Tabela 1: Comparação entre os valores nutricionais da Paçoquita normal e da Paçoquita Diet. |
5.
Conclusão
A busca por alimentos saudáveis é cada vez maior nos dias de hoje. Muitas pessoas acabam se deixando levar pelas informações contidas nas embalagens, que estão alí para atrair o consumidor. É necessária, portanto, uma análise mais profunda tanto das informações nutricionais presentes no rótulo, quanto dos ingredientes que são utilizados na formulação.
Outro aspecto é o indivíduo consumir em excesso o produto por achar que é diet e não vai fazer mal.
Atingir e manter as concentrações plasmáticas de glicose o mais próximo possível da normalidade é crucial para prevenir e/ou retardar o aparecimento das complicações crônicas do Diabetes Mellitus. Então o indivíduo que é diabético deve ter muito cuidado com o consumo da Paçoquita diet, visto que nessa formulação há maltodextrina, um carboidrato que possui um alto índice glicêmico, que vai fazer com que os níveis de açúcar no sague subam drasticamente. Além disso, a quantidade total de carboidratos entre uma paçoca normal e uma diet é praticamente a mesma.
A glicemia pós-prandial é modulada
principalmente pela velocidade de liberação dos carboidratos da dieta para a
corrente sanguínea após as refeições, pelo tempo de depuração dos carboidratos
resultante da secreção de insulina e pela sensibilidade tecidual periférica
à ação desse hormônio. Sendo assim, a quantidade e a qualidade do
carboidrato consumido são importantes fatores envolvidos na resposta glicêmica
ao carboidrato consumido.
Dentro desse contexto, é muito importante que os indivíduos diabéticos ou que buscam uma alimentação mais saudável fiquem atentos ao índice glicemico dos alimentos, para que haja um controle maior dos níveis de açúcar no sangue.
6. Referências
1) BRASIL,
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria nº 29, de 13 de
janeiro de 1998- Regulamento técnico referente a alimentos para fins especiais.
2)
Schenk S,
Davidson CJ, Zderic TW, Byerley LO, Coyle EF. Different glycemic indexes of
breakfast cereals are not due to glucose entry into blood but to glucose
removal by tissue. Am J Clin Nutr. 2003;78(4):742-8.
3) De Fronzo RA, Ferranninni E. Influence of plasma glucose and insulin
concentration on plasma glucose clearance in man. Diabetes.
1982;31(8 Pt 1):683-8.
4)
Sartorelli DS, Cardoso MA. Associação
entre carboidratos da dieta habitual e diabetes mellitus tipo 2: evidências
epidemiológicas. Arq Bras
Endocrinol Metab. 2006;50(3):415-26.
5) Sheard NF, Clark NG, Brand-Miller JC, Franz MJ, Pi-Sunyer FX,
Mayer-Davis E, et al. Dietary carbohydrate (amount and type) in the prevention
and management of diabetes: a statement by the American Diabetes Association. Diabetes
Care. 2004;27(9):2266-71.
6) Tabela
Brasileira de Composição de Alimentos – TACO 4ª edição revisada e ampliada - Núcleo
de Estudos e Pesquisas em Alimentação – NEPA Universidade Estadual de Campinas
– UNICAMP
8)
Kaye
Foster-Powell, Susanna HA Holt, and Janette C Brand-Miller. International
table of glycemic index and glycemic load values: 2002.
Além disso, os produtos dietéticos sem adição de açúcar podem conter outras formas de carboidratos que também interferem na glicemia, como frutose, lactose, amido ou maltodextrina. Contudo, o mais importante é usar com moderação e se atentar na quantidade de carboidratos contida no produto.
ResponderExcluirTenho feito o controle daquilo que consumo pois sou diabético, hj no almoço, comi uma generosa porção de salada, mais depois comi uma paçoca diet, minha glicemia foi perto dos 300, diabéticos não consumam essa paçoca, pois é péssima para o diabetes
ResponderExcluirE eu comprei quatro paçoquinhas hoje,pensei que fosse saudável
ResponderExcluirMuito interessante o tema!
ResponderExcluirAnalisando as tabelas nutricionais da Paçoquita normal e da Paçoquita Diet, fiquei impressionada pelo fato da Paçoquita Diet apresentar valores maiores de Sódio. Vale destacar que a ingestão elevada de sódio aumenta o risco de desenvolvimento do diabetes tipo 2. Para uma pessoa que já é diabética, o consumo em excesso de sódio pode facilitar mais ainda o risco de desenvolvimento de outras doenças, como a hipertensão, o que não é esperado.
Quando o consumidor se depara com a propaganda da Paçoquita Diet, acredita estar ingerindo um produto relativamente mais saudável, principalmente quem é diabético. Entretanto, a utilização de maltodextrina na Paçoquita Diet contradiz sua promessa de ser um bom produto desenvolvido para indivíduos que têm restrição ao consumo de açúcar. Como isso é feito se a maltodextrina possui um elevado índice glicêmico (o que é péssimo para indivíduos que precisam seguir uma dieta com restrição do consumo de açúcar)? De forma geral, parece que sua apresentação é enganosa, podendo causar malefícios inesperados ao consumidor, como relatado pela pessoa que postou aqui no blog no dia 06/03/2020 o aumento da sua glicemia após o consumo da Paçoquita Diet.
Segue abaixo a referência utilizada sobre ingestão de sódio na dieta do diabetes tipo 2:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4521438/
A incidência de diabetes tipo 2 tem aumentado cada vez mais em todo o mundo. Com isso, a indústria tem se preparado para produzir e ofertar produtos diet, ou seja, sem a adição de uma determinada substância e, aqui, estamos falando da adição de açúcar. Os produtos diet têm sido uma opção para essas pessoas que possuem restrição na sua alimentação e que, ainda assim, desejam comer algo doce. É possível observar que na Paçoquita diet não há adição de açúcar, porém contém maltodextrina que possui o índice glicêmico maior que o do açúcar, sendo um problema para pessoas com resistência a insulina. Provavelmente, muitas serão as pessoas com diabetes tipo 2 que irão consumir esse tipo de produto sem ter o conhecimento que, mesmo sem a adição de açúcar, estarão consumindo um produto com alto índice glicêmico. E é aí que está o problema. Será que esses pacientes são orientados sobre o que é índice glicêmico? Sobre ler os rótulos dos produtos que consomem? Será que eles sabem, de fato, optar por produtos que não contribuam ao agravamento do diabetes tipo 2? Este estudo é de grande importância para a população que possui este tipo de restrição alimentar para que possa ter acesso e estar mais informada sobre os produtos que irão consumir.
ResponderExcluirApesar da polêmica relacionada ao uso seguro da maltodextrina para pacientes diabéticos, a ANAD ( Associação Brasileira de Atenção ao Diabetes ) publicou uma nota de esclarecimento visando garantir a eficácia e segurança do uso de maltodextrina em substituição à sacarose. A Associação alega que, devido à estrutura química da Maltodextrina, a mesma não é capaz de causar o mesmo pico de glicose que o açúcar tradicional.
ResponderExcluirA maltodextrina é carboidrato complexo, com alto índice glicêmico. Segundo a ANAD, ela pode ser usada não somente por diabéticos mas também para atletas antes do treino tendo em vista que por ter liberação lenta de glicose no sangue, não gera um pico glicêmico no início da atividade física. Esse pico glicêmico é seguido por um aumento de insulina, que por efeito rebote, causa uma hipoglicemia que afeta o desempenho esportivo. Entretanto, apesar de não causar o mesmo pico de glicose, a maltodextrina mantém os níveis de glicose altos por mais tempo, o que para pacientes diabéticos não é um efeito positivo tal como para esportistas.
É preciso um estudo mais conciso sobre os efeitos da maltodextrina na glicemia de pacientes diabéticos, visto que se a mesma mantém os níveis de glicose elevados assim como a sacarose, não há benefícios na troca pra pacientes diabéticos.
Fontes
NELSON, D.L; COX, M.M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
19-Sapata, K.B.; Fayh, A.P.T.; Oliveira, A.R.Efeitos do consumo prévio de carboidratos sobre a resposta glicêmica e desempenho.
Rev Bras Med Esporte. Vol. 12. Núm. 4. p.189-94. 2006.
HERNANDEZ A.J; NAHAS R.M. Modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e potenciais de riscos para a saúde. Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte. v. 15, n. 3, p. 4-5, 2009.
A Paçoquita Diet, como nome já diz, seria uma opção diet da Paçoquita original. A definição de diet que se vende é principalmente como sendo “sem açúcar” e portanto definem seu público-alvo como sendo as pessoas diabéticas ou até mesmo as pessoas que fazem algum tipo de dieta com baixa de açúcar/carboidrato.
ResponderExcluirComparando a tabela nutricional de ambos produtos (diet e normal) em relação aos carboidratos, que são responsáveis por nos fornecer energia e, consequentemente, elevar o açúcar no sangue, a diferença é insignificante.
Na formulação diet, há maltodextrina, um carboidrato que possui um alto índice glicêmico, que vai fazer com que os níveis de açúcar no sague subam drasticamente, que causa os mesmos efeitos no organismo, como picos de insulina e elevação da glicemia, o que pode gerar aumento de peso e dificuldade de emagrecimento. Além disso, a quantidade de sódio na linha diet é praticamente o dobro da versão tradicional, acima do recomendado, isso em apenas 22g.
A conclusão que todas essas informações me levam a fazer é que há uma propaganda enganosa feita em cima de um produto que se diz diet, logo, faz com que se acredite que este é um produto mais saudável que o original mas essa linha se mostra apenas uma atração publicitaria para os consumidores mais leigos que acabam se deixando levar pelas informações contidas nas embalagens.
O tema é muito interessante, mas precisa ser recebido com cuidado pelos leitores, pois o trecho "Dessa forma, mesmo sendo “diet” e sem adição de açúcar, alguns produtos não poderiam ser destinados à pessoas que tenham restrição alimentar, como os diabéticos, por exemplo, pois elevam os níveis de glicose no sangue da mesma maneira ou, até mesmo, de uma forma pior" acaba dando uma ideia proibitiva do consumo por diabéticos. Quando na verdade todo uso é baseado na quantidade, uma paçoca diet não elevaria a glicemia de uma pessoa diabética, mesmo contendo açúcares como a maltodextrina de forma considerável, mas uma quantidade X acarretaria tal aumento e atenção. Logo, poderiam ter sido apresentados valores limites que indiquem um impacto na glicemia do indivíduo, representando por um gráfico ou tabela a indicação de consumo, e não dando a ideia de proibição.
ResponderExcluirÉ muito importante abordar esse tema sobre controle glicêmico em produtos diets porque muitos consumidores não sabem a diferença entre light ou diet, o que contribui ou não para sua saúde. Como foi muito bem relatado nesse post, o consumo da paçoquita diet não é ideal para consumo de diabéticos porque ele aumenta o índice glicêmico ou pessoas que gostariam de emagrecer, seu alto valor calórico.
ResponderExcluirDe qualquer forma, o uso do termo "diet" está correto visto que ele deve ser usado quando sua composição há ausência total de algum ingrediente em particular, como açúcar, gordura ou sal, e ele tem um total de 0 adição de açúcar.
O objeto em questão é muito pertinente, e interessante de se analisar. O que fica em questão são dois termos, o primeiro é a palavra "diet", o qual deixa a entender que qualquer pessoa pode consumir o produto, no entanto é sabido que pessoas com algum problema em questão ao nível de açucares elas possuem uma dieta especifica, e nao é o consumo de apenas uma unidade que ira acarretar problema na saude do indivíduo e assim deve ser observado pela pessoa que vai consumir e ter o cuidado. E o segundo é em relação a maltodextrina, a qual é presente nessa versão, o qual é necessario toda atenção no mesmo. O que fica de aprendizado é que tudo que sera consumido é preciso analisar os ingredientes e pesquisar.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirExtremamente importante esse tema, principalmente, por trazer em questão a necessidade em olhar os rótulos e informações nutricionais dos produtos. Sabe-se que a indústria utiliza de chamativos para seus produtos, que passam a ideia de um alimento "do bem", porém utilizam de outros componentes que podem trazer maiores prejuízos aos consumidores. Além desse ponto tratodo, é importante atentar-se para a quantidade de sódio utilizada no produto diet. Tal quantidade excedeu em 20g de sódio. Estudos comprovam que a alta ingestão de sódio pode aumentar a possibilidade de Diabetes, além de outras doenças, como hipertensão. Nesse produto em questão, somado ao risco aumentado por uso da maltodextrina, tem-se também o sódio. Logo, é um produto que deve ser extremamente evitado por pessoas que possuem essas condições.
ResponderExcluirMatéria muito interessante e bastante informativa, pena que o título é "Índice glicêmico da Paçoquita Diet" e temos no texto a IG da maltodextrina e da sacarose, mas ainda não sei o IG da paçoquita :(
ResponderExcluir