|
Imagem
disponível em:
<http://fadafelicitta.blogspot.com.br/2010/09/maquiagem-na-infancia-prejudica-pele.html> |
O leite de Soja
vem sendo usado como alternativa ao leite de vaca principalmente após o
encerramento do aleitamento materno. Será que é uma alternativa segura para os
nossos bebês? Saiba o que os componentes da soja podem causar. Leia mais...
Introdução
Dentre os alimentos cujas alegações de saúde têm
sido amplamente divulgadas pela mídia nos últimos
anos destaca-se a soja.[1] O leite de soja caiu no gosto popular, seja para aqueles indivíduos alérgicos a proteínas do leite de vaca, ou intolerantes à lactose, ou, principalmente, após o interrompimento do aleitamento materno.
O leite de soja contém altas quantidades de fitoestrógenos. O que são fitoestrógenos? São compostos derivados de
plantas com estrutura química e atividade hormonal
semelhante ao estradiol. Dentre eles, os principais são: isoflavona (genisteína, daidzeína),
lignanos e coumestanos. Estas substâncias,
principalmente as isoflavonas, podem
afetar o sistema reprodutivo, glândulas mamá-
rias, hipotálamo e hipófise. [2]
Em vista disso, quando se trata de crianças, os responsáveis devem ficar atentos ao consumo exagerado deste produto. Uma doença comum causada pela dieta a base de soja em crianças é a Telarca Precoce, que é o desenvolvimento mamário antes dos 8 naos de idade [3]. Geralmente é uma
condição autolimitada, com taxa de regressão variando
de 30 a 60% após um ano e meio de evolução [4]. No Reino Unido os estudos a cerca desse tema são amplos e confirmam que a fórmula infantil tem um efeito estrogênico em ratos experimentais. [5]
Fundamentos Bromatológicos
Composição nutricional do leite de soja em 225 ml:
Nutriente | Quantidade | Nutriente | Quantidade |
Energia | 96 kcal |
Potássio
| 325 mg |
Proteínas | 7 g | Vitamina B2 (riboflavina) | 0,161 mg |
Total de gorduras | 7 g | Vitamina B3 (niacina) | 0.34 mg |
Gorduras saturadas | 0,5 g | Vitamina B5 (ácido pantoténico) | 0.11 mg |
Gorduras monossaturadas | 0,75 g | Vitamina B6 | 0.11 mg |
Gorduras polissaturadas | 1,2 g | Ácido fólico (vitamina B9) | 3.45 mcg |
Carboidratos | 5 g | Vitamina A | 6.9 mcg |
Fibras | 3 mg | Vitamina E | 0,23 mg |
Isoflavonas | 21 mg | Selénio | 3 mcg |
Cálcio | 9 mg | Manganês | 0,4 mg |
Ferro | 1,5 mg | Cobre | 0,28 mg |
Magnésio | 44 mg | Zinco | 0,53 mg |
Fósforo | 113 mg | Sódio | 28 mg |
Tabela Disponível em: <http://www.tuasaude.com/leite-de-soja-faz-mal/>
C
Cada nutriente presente na soja tem sua funcionalidade. Nosso objeto de estudo são as isoflavonas que estão presentes na quantidade de 21mg por 225mL de leite de soja. Pode parecer uma quantidade pequena, mas quando pensamos em crianças onde o consumo de leite é grande (diversas "mamadeiras" ao longo de um dia), este número passa a ser preocupante.
Além disso, estamos pensando nas isoflavonas presente no leite de soja isoladamente, entretanto ao longo da alimentação este número pode aumentar ainda mais devido a presença de outros alimentos a base de soja, ou que a contém.
As isoflavonas estão presentes na soja na forma biologicamente inativa (forma glicosídica). As três mais importantes são: genistina (75% do total), daidzina e glicitina. Após a ingestão, esses compostos são hidrolisados na luz intestinal por betaglicosidades bacterianas, liberando as formas ativas dessas substâncias (formas aglicônicas), transformando-se em: genisteína, daidzeína e gliciteína, respectivamente. [6]
A genisteína é catabolizada por enzimas endógenas, formando a 4-etilfenol (metabólito bioativo). Porém, essas enzimas são incapazes de metabolizar a daidzeína, por isso este fitoestrógeno é fermentado pela microflora intestinal formando dois metabólitos bioativos: o equol e O-desmetilangolensina (O-DMA). [6]
A concentração de isoflavonas nos grãos de soja é influenciada por fatores genéticos, locais de plantio, condições climáticas, sendo a temperatura durante o desenvolvimento do grão o fator mais importante. Na maioria dos alimentos à base de soja, o teor de isoflavonas varia de 100 a 300 mg até 100 g. [7]
Legislação
Legislação Brasileira , Resolução 18 e 19, de 30 de Abril de 1999 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA): Define o termo correto para definir alimentos funcionais.
RDC n°91, de 18 de Outubro de 2000 ditada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) encontramos o Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e Qualidade de alimentos com Soja.: Controle da a utilização do termo "Leite de Soja" para aqueles produtos lacteos que contém soja como fontes principais de proteína; Define a quantidade necessária de cada aminoácido comparando com o leite de vaca.
Discussão
As isoflavonas presentes na soja podem agir de três formas [8], dentre elas: ligam-se aos receptores de estrogênio devido semelhança estrutural, exercendo ação estrogênica ou antiestrogênica, dependendo do níverl de hormônicos sexuais. Não é a toa que a suplementação á base de soja é indicada para mulheres na menopausa, quando a taxa desse hormônio diminui, sendo necessário recorrer a reposição [9].
Temos como definição para Desregulador Endócrino uma substância exógena ou uma mistura delas que alteram uma ou mais funções do sistema endócrino e tem, consequentemente, efeitos adversos sobre à saúde num organismo. Podem ser de origem natural ou sintética [10].
Dentre os fitoestrógenos, desreguladores endócrinos de origem natural, encontrados na dieta humana,
destacam-se as isoflavonas, presentes no leite de soja [11]. Esses alimentos apresentam
grande quantidade de genisteína e daidzeína que possuem
elevadas atividades estrogênicas.
Apesar dos fitoestrógenos serem menos potentes
que o estradiol, sua concentração pode ser de 13.000 a
22.000 vezes maior em crianças alimentadas exclusivamente
com fórmulas lácteas à base de soja [12], (aproximadamente
40 mg de fitoestrógeno por dia.
Tem sido sugerido que crianças expostas a altos
níveis de genisteína presentes em alimentos à base de
soja possam sofrer repercussões no trato reprodutivo [13]. Este argumento tem sido baseado em dados
obtidos com camundongos imaturos expostos a
genisteína, que revelaram um aumento dose-dependente
de folículos ovarianos [14].
Um fato interessante diz respeito aos japoneses, que comem grandes quantidades de soja e, como resultado, têm baixos índices de câncer de seio, útero, cólon e próstata. Daí, se constrói a idéia que a soja é um alimento saudável. Entretanto um estudo de 2000 mostrou que um homem japonês típico ingere cerca de 8g (duas colheres de sopa) por dia, nada semelhante aos 220 g que um ocidental consumiria comendo um pedaço de tofu e dois copos de leite [15].
Conclusão
Há muitas perguntas para as quais ainda não se têm respostas, como referentes à segurança alimentos à base de soja, evidenciando a necessidade de determinar-se que substâncias poderiam agir como desreguladores endócrinos interferindo no desenvolvimento puberal antecipando a puberdade. Os cientistas estão apenas começando a pesquisar e entender os efeitos nocivos a longo prazo que podem ser causados pelo consumo de grandes quantidades de soja. Sendo aconselhável que o consumo do leite de soja, assim como outros alimentos a base de soja também, sejam feitos com moderação e não como a única forma de substituição, principalmente quando estes produtos estão presente em excesso na alimentação de nossas crianças.
Referências Bibliográficas
[1]HASLER, C.M. Functional Foods: Their Role in Disease
Prevention and Health Promotion. Food Technology,
v.52, n.11,1998.
[2]Teilmann G, Jull A, Skakkebaek NE, Toppari J. Putative
effects of endocrine disrupters on pubertal
development in the human. Best Pract Res Clin
Endocrinol Metab 2002; 16:105-21.
[3]Lee P. Puberty and its disorders. In: Lifshitz F. Pediatric
Endocrinology. 4th ed. New York: Marcel Decker, 2003. pp.
211-35.
[3]Pasquino AM, Piccolo F, Scalamandré A, Malvaso M, Ortolani
R, Boscherini B. Hypothalamo-pituitary-gonadotropic function
in girls with premature thelarche. Arch Dis Child
1980;55:941-4
[4]Aritaki S, Takagi A, Someya H, Jun L. A comparison of
patients with premature thelarche and idiopathic true precocious
puberty: in the initial stage of illness. Acta Pediatr
Jpn 1997;39:21-7.
[4]Mills JL, Stolley PD, Davies J, Moshang T. Premature thelarche:
natural history and etiologic investigation. Am J Dis
Child 1981;135:743-5.
[5]Disponível em: <http://correcotia.com/soja/soja01.html>. Acessado em: 01/08/2016.
[6]Castro RCB. Quais são os principais fitoestrógenos da soja? Disponível em: <http://www.nutritotal.com.br/perguntas/?acao=bu&id=588&categoria=1target=_blank> Acessado em: 01/08/2016.
[7]Marques CG. O que são e onde podem ser encontradas as isoflavonas? Disponível em: http://www.nutritotal.com.br/perguntas/?acao=bu&id=366&categoria=23 Acessado em: 01/08/2016.
[8]Messina M, et al. Journal of Nutrition, 125, n3, p 698S-797S, 1995.
[9]Disponível em: <http://www.hospitalinfantilsabara.org.br/saude-da-crianca/informacoes-sobre-doencas/saiu-na-imprensa/releases/2012/soja-deve-ser-ingerida-com-cautela-por-criancas.php>
[10]European Commission, DG XXIV, Consumer Policy and Consumer
Health Protection. Scientific Committee for Toxicity,
Ecotoxicity and the Environment. Estee opinion human and
wildlife health effects of endocrine disrupting chemicals, with
emphasis on wildlife and on ecotoxicology test methods.
Available at: . Accessed in March 1999.
[11]Haddad NG, Fuqua JS. Phytoestrogens: effects on the reproductive
system. Endocrinologist 2001;11:498-505.
[12]Setchell KD, Zimmer-Nechemias L, Cai J, Heubi JE. Exposure
of infants to phyto-estrogens from soy-based infant formula.
Lancet 1997;350:23-7.
[13]Jefferson WN, Couse JF, Padila-Banks E, Korach KS, Newbold
RR. Neonatal exposure to genistein induces estrogen
receptor (ER)α expression and multioocyte follicles in the
maturing mouse ovary: evidence for ERβ-mediated and nonestrogenic
actions. Biol Reprod 2002;67:1285-96.
[14]Jefferson WN, Padilla-Banks E, Newbold RR. Adverse effects
on female development and reproduction in CD-1 mice following
neonatal exposure to the phytoestrogen genistein at
environmentally relevant doses. Biol Reprod 2005.
[15] Disponível em: <http://bioquimicanutricao.blogspot.com.br/2010/08/soja-x-fitoestrogenos.html> Acesso em 01/08/2016.
Entre as muitas preocupações que pais e mães têm em relação aos seus filhos, a alimentação é uma das principais presentes. Em relação ao consumo de soja, como elcucidado no trabalho, é da possibilidade de que o consumo excessivo de soja na infância leve à puberdade precoce. Por ser um alimento rica em isoflavonas,ou seja substâncias que têm estrutura química similar aos hormônios femininos, os estrógenos, seriam, então, reconhecidas pelo organismo e desencadeariam a ação hormonal. A concentração de isoflavonas nos grãos de soja é influenciada por fatores genéticos, local de plantio,as condições climáticas, sendo a temperatura durante o desenvolvimento do grão o fator mais importante. Há diversos estudos em andamento sobre esse assunto, mas não foram elucidados se realmente isso acontece. Tudo em excesso faz mal, bem como é necessário um balanço, além de haver a questão do cálcio, quando se trata do leite de soja. Os sumos ou sucos de fruta com soja possuem açúcares em maior quantidade, não contém cálcio e são pobres em proteína, não sendo um substituto aceitável para o leite ou bebida de soja enriquecido em cálcio ou para o leite de vaca.
ResponderExcluirDe fato, a soja pode ser considerada um alimento saudável,que possui nutrientes essenciais para uma vida saudável. Porém, como tudo na infância e durante toda a vida, tudo que é consumido em excesso, pode acarretar em problemas ou alterações na saúde. Portanto é necessário viver com um balanço, buscando variações, sem excessos, e caso ocorrer algum problema, procurar imediatamente um médico.
Ana Rosa Navegantes de Sousa
DRE: 112191981