Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

sábado, 6 de agosto de 2016

Introdução

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As fórmulas infantis e de seguimento começaram a ser comercializadas no final do século XIX, e atualmente são bastante populares. Até esse momento, os lactentes e crianças até dois anos eram alimentados sem o auxílio desses suplementos. Certamente, existem condições e deficiências específicas em que esses substitutos do leite materno são importantes para o desenvolvimento do lactente e devem ser usadas, porém é preciso avaliar também até que ponto a indicação e uso dos mesmos pode estar sendo excessiva.

Fundamentos bromatológicos

Primeiramente, é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) assim como pelo Ministério da Saúde (MS)  que crianças até seis meses de idade devem ser amamentadas exclusivamente com leite materno, e que após esse período, até os dois anos de idade ou mais, o aleitamento seja complementado com outros alimentos de forma saudável. Essa recomendação é feita pois sabe-se que o leite materno, além de proteger contra várias infecções, apresenta benefícios em longo prazo na diminuição dos riscos de doenças crônicas decorrentes da alimentação inadequada, como obesidade, hipertensão e dislipidemias, assim como o diabetes melittus tipo I.
Diante disso, pode-se concluir que o leite materno é o alimento ideal para lactentes, especialmente nos primeiros seis meses de vida. Porém existem diversos fatores que impedem a amamentação. Nesse cenário, as mães que se encontram diante de algum desses fatores, acabam por optar pela introdução de alimentos complementares, que por sua vez são entendidos como qualquer tipo de alimento sólido ou líquido, diferente do leite humano oferecido à criança no segundo semestre de vida, comumente são utilizadas as fórmulas infantis como substituintes do leite materno.

Discussão

De acordo com a RDC 45 de 2011, uma fórmula infantil é aquela que é destinada a suprir “as necessidades dietoterápicas específicas é aquela cuja composição foi alterada ou especialmente formulada para atender, por si só, às necessidades específicas decorrentes de alterações fisiológicas e/ou doenças temporárias ou permanentes e/ou para a redução de risco de alergias em indivíduos predispostos de lactentes”, sendo que as formulas para lactentes são aquelas destinadas a menores de seis meses de idade, enquanto as fórmulas de seguimento são indicadas a partir do sexto mês de vida até doze meses de idade incompletos (11 meses e 29 dias) e de crianças de primeira infância.
Dentre os fatores que levam ao desmame precoce é possível citar, como  exemplo: referência ao choro e à fome da criança, insuficiência do leite materno; trabalho das mães fora de casa; problemas relacionados às mamas e recusa ao seio, por parte da criança, além de patologias que são comuns durante o período da amamentação como: dor, ingurgitamento mamário, fissuras mamilares e mastites.  
O uso das fórmulas infantis sem dúvida é necessário em muitos desses casos e muito comum atualmente, mas é possível também manejar os fatores descritos acima de modo a contorná-los e permitir o amamento com melhor qualidade. Primeiramente, o ingurgitamento mamário pode ser prevenido ao  iniciar a amamentação o mais cedo possível, amamentar com frequência, em livre demanda e fazer massagens delicadas nas mamas. A dor nas mamas ao manter os mamilos secos, expondo-os ao ar livre ou à luz solar e trocar com freqüência os forros utilizados quando há vazamento de leite,  não usar produtos que retiram a proteção natural do mamilo, como sabões, álcool ou qualquer produto secante; evitar o uso de protetores (intermediários) de mamilo. E da mastite, ao fazer o esvaziamento adequado da mama por meio da manutenção da amamentação e retirada manual do leite após as mamadas, se necessário.    

Conclusão

Portanto, podemos concluir que em primeiro lugar, o leite materno é o alimento ideal para lactentes, porém nem sempre é possível fazer uso dele até os dois anos de idade, logo são introduzidos alimentos complementares, comumente as fórmulas infantis.
Uma análise mais profunda dos fatores que levam ao desmame nos fazem perceber que muitos destes podem ser manejados para a continuidade do aleitamento, porém a decisão deve partir sempre da mãe, uma vez que todas as possibilidades e alternativas lhe sejam mostradas. Por fim é importante destacar que as fórmulas infantis não substituem o leite materno e, portanto, só devem ser utilizadas na alimentação de crianças menores de um ano de idade com indicação expressa de médico ou nutricionista.

Referências bibliográficas

  • Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Aleitamento materno, distribuição de leites e fórmulas infantis em estabelecimentos de saúde e a legislação. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/aleitamento_materno_distribuicao_leite.pdf>
  • ANVISA. Perguntas e Respostas sobre Fórmulas Infantis. Disponível em <http://portal.anvisa.gov.br/documents/33916/2810640/Formulas+infantis/b6174467-e510-4098-9d9a-becd70216afa>
  • Normas para fabricação de alimentos para crianças e bebês são atualizadas. Disponível em < http://www.brasil.gov.br/saude/2013/01/normas-para-fabricacao-de-alimentos-para-criancas-e-bebes-sao-atualizadas >

  • CASIMIRO et al. FATORES QUE INTERFEREM NO ALEITAMENTO MATERNO. Disponível em < http://www.revistarene.ufc.br/10.3/html/6.htm >
  • GIUGLIANI, E., R., J., Problemas comuns na lactação e seu manejo. Jornal de Pediatria. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/jped/v80n5s0/v80n5s0a06.pdf >

3 comentários:

  1. Como foi descrito nesse post, o uso de fórmulas infantis desidratadas foi bastante importante para a sociedade. As fórmulas infantis desidratadas ganharam o mercado pela necessidade de uso de substitutos do leite humano. Eles tornaram-se mais evidente no século XX com a industrialização, urbanização, incorporação da mulher no mercado de trabalho e o desenvolvimento de tecnologias de produção de fórmulas de leite em pó (FREITAS L.G, 2011). Porém esses alimentos infantis não são mais eficientes e saudáveis para o desenvolvimento do neonato como o leite materno. Existem relatos na literatura de casos graves de infecção de neonatos que ingeriram fórmulas infantis desidratadas contaminadas por microrganismos. Apesar de existir um controle de qualidade por trás da produção de fórmulas infantis, o fato do neonato ainda não possuir um sistema imunológico desenvolvido, qualquer contaminação presente nas fórmulas infantis pode ser fatal. Essa contaminação pode ser proveniente de uma reconstituição inadequada das fórmulas infantis ou provenientes do processo fabril desses alimentos.

    Bibliografia

    - Food and Agriculture Organization/World Health Organization - FAO/WHO. Enterobacter sakazakii (Cronobacter spp.) in powdered follow-up formulae. Microbiological Risk Assessment Series, 2008. [acesso 2008 Jun 15]. Disponível em: [http://www.who.int/foodsafety/publications/micro/mra_ followup/en/index.html].

    - FREITAS LG, et al. Ocorrência de Cronobacter spp. (Enterobacter sakazakii) em alimentos infantis adquiridos em um hospital público. Rev Inst Adolfo Lutz. 70(4):548-53, 2011.

    -Yan QQ; et al. Cronobacter species (formerly known as Enterobacter sakazakii) in powdered infant formula: a review of our current understanding of the biology of this bacterium. J Appl Microbiol, 113(1):1-15, 2012.

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  2. É inegável que vários avanços foram conseguidos com a produção de fórmulas infantis mais sofisticadas e adequadas a necessidades específicas. Possuem fórmulas acidificadas, semi-desnatadas, adicionadas de ferro, sem lactose, entre outras. Certamente, várias delas têm indicação precisa e salvam vidas de centenas de bebês. Porém, há estudos que comprovam que é muito pequeno o percentual de bebês que necessitam realmente de tais produtos em substituição ao leite materno, mas os lucros das companhias não seriam alcançados se só este mercado fosse atingido. Por conta disso, o “marketing” tem a tarefa de criar nas mães (e nos médicos) a "necessidade" de utilizar tais produtos formulados.
    Frente aos conhecimentos científicos sobre o valor insuperável do leite materno, acredita-se que se seja mais precisas e bem definidas as indicações do uso de substitutos, evitando os abusos da comercialização de produtos que, embora representem inegável avanço industrial e tecnológico, têm uma clientela restrita, a qual deve sempre ser orientada por profissionais de saúde bem informados.
    Referência: REA, F. M. - Substitutos do leite materno: passado e presente - Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo - Rev. Saúde Pública v.24 n.3 São Paulo jun. 1990

    Aluna de Farmácia: Flávia Lopes Nascimento Moraes
    DRE: 110180162

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  3. Fórmula infantil é um alimento processado, concebido e comercializado para a alimentação de neonatos que estão impossibilitados de receberem o leito materno por um ou mais motivos citados anteriormente no post. Geralmente, é um substituto parcial ou integral do leite materno e os fabricantes afirmam que a composição da fórmula infantil é concebida de forma aproximada ao leite materno. No entanto, existem diferenças significativas no conteúdo nutricional nestes produtos, além de possíveis contaminações e intoxicações. Diversos casos descritos na literatura comprovam riscos associados com a utilização dessas fórmulas: maior risco de infecções gastrointestinais, do trato respiratório, maior risco no desenvolvimento de obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. Além disso, a grande variedade de fórmulas infantis presentes no mercado, pode confundir os consumidores na hora de escolher a melhor opção. Assim como tudo no mercado atual, há marcas que irão utilizar matérias-prima de baixa qualidade na elaboração de seus produtos, o que pode acarretar em intoxicações graves como na China, no ano de 2008, quando 12.900 bebês foram hospitalizados por terem consumido uma fórmula infantil contaminada com melamina. Um estudo holandês foi realizado para avaliar os efeitos perinatais da exposição a bifenil policlorados (PCBs) em bebês amamentados e bebês alimentados com fórmula. Os resultados mostraram qque os alimentados com fórmula, tiveram maior latência e mecanismos retardados no sistema nervoso central que avaliam e processam estímulos relevantes. Por outro lado, a amamentação acelerou esses mecanismos.
    Portanto, o aleitamento materno deve continuar sendo encorajado e o uso desses produtos deve ser feito de forma cautelosa, quando outras opções tiverem sido esgotadas, e sempre com auxilio de um profissional capacitado para guiar os pais na tomada da melhor decisão.
    Referências
    Organização mundial da saúde, disponível em: http://www.who.int/csr/don/2008_09_22/en/index.html
    Beaudry M, Dufour R, Marcoux S. Relationship between infant feeding and infections during the first six months of life. J Pediatr 126: 191-197, 2005.
    Martin RM, Ness AR, Gunnelle D, Emmet P, Smith GD. Does breast-feeding in infancy lower blood pressure in childhood? Circulation 109: 1259-1266, 2004.
    Adauskaite-Kuehne V, Ludvigsson J, Padaiga Z,Jasinskiene E, Samuel U. Longer breastfeeding is an independent protective factor against development of type I diabetes mellitus in childhood. Diabet Metab Res Rev 20: 150-157, 2004.
    Vreugdenhill HJI, Van Zanten GA, Brocaar MP, Mulder PGH, Weisglas- Kuperus, N. Prenatal exposure to polychlorinated biphenols and breastfeeding: opposing effects on auditory P300 latencies in 9-year old Dutch children. Devlop Med & Child Neurol 46: 398-405, 2004.
    Duncan B, Ey J, Holberg CJ, Wright AL, Martines F, Taussig LM. Exclusive breastfeeding for at least 4 months protects against otitis media. Pediatrics 91: 867-872, 2003.
    Armstrong, J. et al. Breastfeeding and lowering the risk of childhood obesity. Lancet 359:2003-2004, 2002.

    Discente: Hugo Lima Silveira
    DRE:110.083.598
    E-mail: hugols.ufrj@gmail.com

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