Descrição:
Como estratégias de combate a algumas deficiências nutricionais inclui-se a fortificação de alimentos com vitaminais e minerais. O Iogurte líquido NINHO® sabor maçã e banana possui fontes de cálcio e vitaminas, e é rico em zinco.
A pandemia de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, representa um importante desafio no Brasil e no mundo. Os estudos têm demonstrado diferentes funções exercidas pela vitamina D e pelo zinco no organismo humano. Dentre essas funções, destacam-se suas atividades reguladoras do sistema imunológico e de processos inflamatórios. No contexto da covid-19, uma infecção viral que possui em sua apresentação clínica a presença de processo inflamatório, pneumonia e síndrome do desconforto respiratório agudo. Tem sido sugerido que os dois micronutrientes poderiam atuar inibindo a replicação do vírus, e assim modulando a resposta imune e diminuindo a expressão de citocinas pró-inflamatórias. O zinco atua no controle das vias de sinalização celular da imunidade inata e adaptativa (WESSELS; MAYWALD; PISTA, 2017). Quanto à vitamina D, sua deficiência apresenta relação com uma maior vulnerabilidade a infecções em consequência de prejuízos na imunidade inata e na resposta imune celular específica do antígeno (WINTERGERST; MAGGINI; HORNIG, 2007).
Fundamentos
bromatológicos:
A
fortificação, enriquecimento ou simplesmente adição é um processo no qual é
acrescido ao alimento, dentro dos parâmetros legais, de um ou mais nutrientes,
contidos ou não naturalmente neste, com o objetivo de reforçar seu valor
nutritivo e prevenir ou corrigir eventuais deficiências nutricionais
apresentadas pela população em geral ou de grupos de indivíduos (VELLOZO;
FISBERG, 2010a).
A vitamina D, ou
colecalciferol, é um hormônio esteróide, motivando vários estudos devido à sua
atuação sobre o sistema imunológico. Sua
deficiência está relacionada a doenças auto-imunes e infecções (MARQUES et al.,
2010).Nos países em que há fortificação de alimentos com vitamina D, como
Estados Unidos e Canadá, o maior consumo deste nutriente provém de alimentos
fortificados, como leite,
margarina, pães, cereais matinais e suco de laranja. O consumo
de vitamina D em alimentos não fortificados é baixo, com exceção de peixes,
como o salmão e a sardinha (PETERS, 2009).
O zinco tem
função primordial no sistema imunológico (WESSEL et al., 2017), influenciando
na proliferação e maturação das células de defesa, assim indivíduos que
apresentam deficiência deste mineral ficam suscetíveis a infecções. As células
natural killer (NK) são importantes para imunidade contra infecções e tumores.
A atividade e o número de células natural killer (NK) dependem de zinco para
reconhecer moléculas de histocompatibilidade da classe I (MHC). Na deficiência
de zinco, ocorre alteração na atividade de células NK, na fagocitose feita por
macrófagos e leucócitos, na geração de dano oxidativo, e o número de
granulócitos diminui. O zinco também é cofator da timulina, enzima que atua na
diferenciação de células T imaturas e função de células periféricas, além de
modular a liberação de citocinas por células mononucleares e induzir a
proliferação de linfócitos T CD8+ em conjunto com a interleucina-2 (SHANKAR;
PRASAD, 1998).
Legislação:
A fortificação
de alimentos com nutrientes é uma prática aceita e empregada pelos
processadores de alimentos desde a metade do século XX (Reilly, 1996) e tem
como objetivo reforçar o valor nutritivo e prevenir ou corrigir deficiências de
um ou vários nutrientes (ANVISA, 2006). O processo de
fortificação/enriquecimento, ou simplesmente de adição, é aquele no qual se acresce
ao alimento de acordo com parâmetros legais, um ou mais nutrientes, contidos ou
não naturalmente no mesmo, com o objetivo de reforçar seu valor nutritivo,
inclusive aquele eventualmente perdido no processamento industrial, e prevenir
ou corrigir alguma deficiência em um ou mais nutrientes na alimentação da
população em geral ou de seus grupos de risco.
Após este processo, o alimento é dito fortificado/ enriquecido, ou simplesmente
adicionado de nutrientes, conforme o teor de nutrientes acrescido.
De acordo com a
Legislação Brasileira, Resolução - RDC nº - 269 de Setembro de 2005 da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a qual aprova o “Regulamento técnico
sobre a ingestão diária recomendada (IDR) de proteína, vitaminas e minerais”, a
ingestão diária recomendada para o Zinco são de 7 mg. A metabolização endógena
de vitamina D pode ser interferida por diversos fatores, sendo alguns: idade,
latitude, estações do ano, região geográfica, hábitos culturais,
exposição ao sol e o uso por tempo prolongado do protetor solar. Dessa forma, a
Ingestão diária recomendada de vitamina D varia de acordo com os fatores
citados. Porém, de uma forma geral, segundo RDC nº - 269 de Setembro de 2005, a
Ingestão Diária Recomendada da Vitamina D para adultos, crianças e lactantes é
de 5ug.
Discussão:
A apresentação clínica da COVID-19
envolve um estado inflamatório, em virtude do aumento da expressão de citocinas
pró-inflamatórias e, em sua forma grave, há um maior do risco de pneumonia,
choque séptico e SARS (WHANG et al., 2020). Nesse sentido, estudos apontam
funções da vitamina D sobre aspectos clínicos da doença, em que foi demonstrada
relação inversa do status de vitamina D com casos graves de pneumonia (ZHOU;
LUO; QIN, 2019), com o aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias
(MANION et al., 2017), com o aumento do risco de sepse (ZHOU et al., 2018) e
com o risco de SARS (DANCER et al., 2015). Uma hipótese proposta para a ação da
vitamina D na COVID-19 é de que ela pode induzir a produção de peptídeos antimicrobianos
que atuam na inibição da replicação do SARS-CoV-2. De maneira que a vitamina D
poderia agir na redução do processo inflamatório. Entretanto, apesar de terem
sido sugeridas possíveis vias para ação da vitamina D na COVID-19, os ensaios
clínicos sobre sua utilização nos casos da doença ainda estão em andamento
(ZHANG; XIE; HASHIMOTO, 2020).
Segundo a Associação Brasileira de
Nutrologia (ABRAN), o zinco desempenha papel determinante nas respostas imunes
inata e adaptativa. Embora o mecanismo não esteja elucidado, ação antiviral tem
sido atribuída a esse mineral por meio de inibição da replicação in vitro do
vírus, atuando na supressão da atividade da polimerase do RNA do coronavírus e
pelo aumento da ação antiviral de citocinas e interferon α humano (IFN-α).
Conclusão:
No cenário atual, é possível
observar que as medidas de higiene não são suficientes para proteger do
SARS-CoV-2, sendo então necessárias alternativas para melhorar o sistema
imunológico e proteger ainda mais o organismo contra futuros danos. Portanto, é
fundamental adotar medidas nutricionais para melhorar a saúde pública e limitar
o impacto de infecções virais sazonais e emergentes. A vitamina D e o zinco são
dois micronutrientes que exercem funções imunomoduladoras e anti-inflamatórias
com benefícios em infecções virais. No entanto, apesar de algumas hipóteses
propostas, a eficácia da suplementação de vitamina D e/ou zinco para a melhora
da imunidade na prevenção e tratamento da covid-19 ainda não foi demonstrada,
tendo em vista que ensaios clínicos ainda estão em desenvolvimento. Além disso,
a fortificação de alimentos é uma estratégia importante para resolver problemas
de deficiência nutricional, contudo
a ingestão excessiva
de micronutrientes pode ocasionar
hipervitaminose. Durante o beneficiamento do alimento os limites de
ingestão máxima tolerável recomendada pela RDA/UL devem ser respeitados
(LIBERATO; PINHEIRO-SANT’ANA, 2006).
Referências:
MARTINS, Maria do Carmo, OLIVEIRA,
Amanda Suellenn. Zinco, vitamina D e
sistema imune: papel na infecção pelo novo coronavírus. Revista da
FAESF, vol. 4. Número especial COVID 19. Junho (2020) 16-27
MARQUES, Marina;
MARQUES, Millene; XAVIER, Eliane; GREGÓRIO, Eric. Fortificação de alimentos:
uma alternativa para suprir as necessidades de micronutrientes no mundo
contemporâneo. HU Revista, Juiz de Fora, v. 38,
n. 1 e 2, p. 29-36, jan./jun. 2012.
PADOVANI,
Renata Maria; AMAYA-FARFÁN, Jaime. Dietary reference intakes: aplicabilidade
das tabelas em estudos nutricionais. Rev. Nutr., Campinas, 19(6):741-760,
nov./dez., 2006.
BRASIL.
Resolução - RDC nº 269, de 22 de setembro de 2005 da ANVISA.
Considerando a deficiência de vitamina D em grande parte da população (principalmente nos adultos) no país, não seria tão ruim enriquecer os alimentos com essa vitamina. Obviamente o enriquecimento visando um resultado positivo no combate ao covid sem comprovação científica não faz sentido e deve ser combatido, até pelo motivo de marketing enganoso. Este problema poderia ser resolvido simplesmente com conscientização da população para obter alimentação mais saudável e também conscientização para a população tomar melhores medidas para enfrentar o covid como distanciamento social e uso de máscaras ao invés de ingerir vitamina D que não irá fornecer a proteção que o indivíduo espera. Portanto o enriquecimento talvez seria bem vindo para tratar a deficiência de vitamina D da população, mas não o covid. Além disso, a implementação de vitaminas e minerais para diminuir a incidência de doenças é difícil de ser realizada por conta da complexidade de diversos fatores que devem ser analisados.
ResponderExcluirAcrescentar zinco e vitamina D em alimentos pode ser uma boa saída para melhorar a carência destas em grande parte da população que não tem uma alimentação com altos níveis desses dois nutrientes.
ResponderExcluirMas é preciso ter consciência de que esses alimentos não funcionam como medicamentos. Então, para que seus benefícios sejam alcançados, é preciso consumi-los de maneira regular, incluindo principalmente vegetais, frutas e cereais integrais na alimentação. Também é preciso sempre um acompanhamento médico para saber o grau de quanto você realmente precisa desses nutrientes, e qual seria a melhor maneira de repô-los no organismo. Ainda mais se tratando de uma doença tão nova quanto a COVID-19 onde nenhuma forma de prevenção ainda foi comprovada, e também de tratamento específico.
Além disso, é preciso ter em mente um detalhe fundamental para o funcionamento eficaz desses alimentos ricos em vitamina D e zinco: eles só funcionam quando combinados com uma dieta equilibrada e balanceada, lembrando também a necessidade de se pegar sol e realizar atividades físicas.