Autor: Marcos Phelipe Rodrigues
Falar sobre esse é assunto é
extremamente relevante, pois a alimentação no primeiro ano de vida irá
constituir um marco importante nos hábitos da criança nos próximos anos de
vida. Além disso, um recém nascido apresenta necessidades nutricionais muito
diferentes das necessidades de um adulto, considerando que uma criança, no
primeiro ano de vida, triplica o seu peso de nascimento, enquanto a estatura
aumenta em 50% no mesmo período. Ou seja, estamos falando de um público
extremamente vulnerável a deficiências nutricionais, justamente porque exigem
uma alta demanda.
Introdução
Uma alimentação adequada é
imprescindível nessa etapa, pois isso irá implicar no desenvolvimento da
criança de forma geral, na otimização e funcionamento dos órgãos e até mesmo na
prevenção a doenças. Déficits nutricionais nesse período estão relacionados à
baixa ingestão e, se não forem atendidas as necessidades nutricionais para a
idade, poderá haver comprometimento do crescimento.
Pensando no elevado grau de
importância do assunto podemos levantar alguns questionamentos com relação ao
produto em estudo neste trabalho, que é o Aptamil 1 Fórmula Infantil. Iremos
investigar se esse produto é realmente uma boa opção de complementação
nutricional para recém nascidos e se em casos onde a mulher apresenta baixa
produção de leite podemos ter o Aptamil como uma opção viável de resolução do
problema.
Fundamentos Bromatológicos
A RDC 43/2011 dispõe sobre o
regulamento técnico para fórmulas infantis para lactentes, e nessa categoria
encontramos o Aptamil. A mesma RDC irá definir fórmula infantil para lactentes
como sendo “o produto, em forma líquida ou em pó, utilizado sob prescrição,
especialmente fabricado para satisfazer, por si só, as necessidades
nutricionais dos lactentes sadios durante os primeiros seis meses de vida (5
meses e 29 dias)”.
Discussão
A RDC 43/2011 estabelece que um
produto considerado uma fórmula infantil deva apresentar no mínimo 60 Kcal em
100 ml e no máximo 70 Kcal, o Aptamil apresenta 66 Kcal em 100 ml, ou seja,
atende aos padrões estabelecidos pela ANVISA.
Figura 1. Tabela Nutricional do Aptamil Premium 1
Mas o que seria o Aptamil Fórmula
Infantil? Pode ser utilizado de qualquer maneira, sem nenhuma orientação e/ou
indicação? Por que a reposição nutricional de recém nascidos não pode ser feita
com leite de vaca simplesmente?
Essas são algumas perguntas
relevantes quando pensamos no contexto que está sendo discutido e que iremos
abordar neste momento.
Em primeiro lugar é de suma
importância destacar que a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o
Ministério da Saúde (MS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam a
amamentação até os dois anos de idade, com aleitamento exclusivo ao seio por
período não inferior a seis meses e introdução de alimentos complementares a
partir dessa idade. Isso se dá porque o leite materno é o melhor alimento para
um recém nascido. Por ser rico em anticorpos, o colostro é considerado “a
primeira vacina do recém-nascido”. Ele protege contra uma série de doenças e
alimenta muito bem o bebê. Em comparação ao leite maduro, é mais rico em
proteínas e tem menos gorduras. Por ser muito concentrado, o bebê só precisa
ingerir uma pequena quantidade a cada mamada. Mas e nos casos em que a mulher
apresenta baixa produção do leite materno, existem opções? Sim, existem opções,
e uma delas é o Aptamil.
Aptamil 1 é uma fórmula infantil
de partida em pó indicada para a alimentação de lactentes desde o nascimento
até os seis meses de vida. É adicionada de prebióticos 0,8g/100ml (10%FOS e 90%GOS),
contém LcPUFAs ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa - ácidos
araquidônico (ARA) e docosahexaenoico (DHA) e nucleotídeos. Mas não pode ser
utilizado de qualquer maneira, o uso de Fórmulas Infantis requer orientação
médica e é indicada em casos em que haja uma verdadeira necessidade nutricional
do recém nascido. O uso indiscriminado com doses equivocadas pode fazer mal a
criança.
Outra questão interessante a se
pensar é o porquê de a reposição nutricional de recém nascidos não poder ser
feito com leite de vaca simplesmente; considerando que o valor monetário da
Fórmula Infantil é bem mais elevado? Então, o problema é que estudos já mostram
que o leite de vaca não é a melhor opção de alimentação para crianças abaixo de
um ano, tendo em vista que há uma inadequação de sua composição em relação às
necessidades nutricionais da criança. Ele apresenta alto teor proteico e maior
proporção de caseína em relação às proteínas do soro, se comparado ao leite
humano, predominância de ácidos graxos saturados e deficiência de ácidos graxos
essenciais, alta concentração de alguns minerais (cálcio e fósforo), deficiência
de micronutrientes (zinco, cobre, vitamina C) e menor biodisponibilidade de
nutrientes em relação ao leite materno. O consumo de leite de vaca neste
período está associado ao aparecimento de anemia ferropriva, tanto por conter
pouca quantidade e baixa biodisponibilidade de ferro, como também por ocasionar
perda de sangue pelas fezes.
Conclusão
Fato é que nada será melhor que o
leite materno, e tanto o Ministério da Saúde quanto a Organização Mundial de
Saúde alertam para a importância da amamentação. Mas podemos concluir que hoje
já é possível fazer uso de alternativas alimentares que ajudem na
complementação alimentar e até mesmo como um pilar principal em casos onde haja
baixa produção de leite por parte da mulher.
Referências Bibliográficas
Accioly E,
Saunders C, Lacerda EMA. Nutrição em obstetrícia e pediatria. Rio de Janeiro:
Cultura Médica, 2003.
Sociedade
Brasileira de Pediatria. Manual de orientação para a alimentação do lactente,
do pré-escolar, do escolar, do adolescente e na escola. 2.ed. São Paulo: SBP,
2008.
Weff ort VRS,
Lamounier J. Nutrição em Pediatria da neonatologia à adolescência. Barueri:
Manole, 2009.
Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33916/2810640/ Formulas+infantis/b6174467-e510-4098-9d9a-becd70216afa.
Diretoria
Colegiada de Vigilância Sanitária – ANVISA. Resolução – RDC 43/2011- Fórmulas
Infantis para lactentes. Diário Ofi cial da União, Brasília – DF, 21 de
Setembro de 2011.
O leite materno é um alimento básico ao desenvolvimento do recém nascido,é claro que em situações extremas onde a mãe por algum inoportuno não consegue oferece-lo ao seu filho deve ser substituído por algum outro tipo de alimentação.Deve-se ter muito cuidado porem com a propaganda dessas "formulas infantis",pois muitas dizem ter DHA, ARA,ser enriquecido com ferro e zinco, nucleotídeos, cálcio e fósforo
ResponderExcluirde alta disponibilidade, probióticos, prebióticos,dentre outros e isso pode chamar a atenção ao consumidor em compra-las apenas por achar que estará fazendo melhor ao seu bebe.Entretanto,os benefícios no aleitamento materno são de extrema importância para saúde do recém nascido,pois confere imunidade ao bebe e isso só o faz crescer forte e saudável, diminuindo risco de alergias,por exemplo.
Comentário feito por Jéssica de Lima Dias. DRE 113201161
ExcluirImportante verificarmos os rótulos quando adquirimos um produto para nós adultos e ainda mais quando tratamos de recém-nascido. Essas fórmulas enriquecidas para lactentes deveria ter seu uso controlado e não estarem disponíveis em farmácias e mercados nas gôndolas livremente. Esse controle deveria ocorrer pois algumas mães evitam amamentar seus filhos por questões estéticas. Outro fator importante a se salientar são os casos em que a mãe realmente esteja impossibilitada de amamentar seu filho por questões de saúde ou por hipogalactia (redução no aporte de leite).
ResponderExcluirDeve-se investigar a razão pela qual a produção de leite é escassa ou até mesmo inexistente. Outro fator a se alertar é o risco de o bebê ser alérgico à componentes destas fórmulas, o que de fato acarretaria num quadro de saúde mais delicado ao bebê.
Esses foram um dos pontos a se considerar. Agora quanto ao preço. Porquê esses valores elevados?
Seu preço elevado está relacionado ao enriquecimento do produto com substâncias importantes para o desenvolvimento saudável,como as supracitadas no texto como DHA e ácido araquidônico os quais auxiliam na imunidade do lactente mas não substituem o leite materno e sua carga de imunoglobulinas.
Vieira AA et alii em Análise do leite administrado a neonatos de muito baixo peso.Jornal de Pediatria - Vol. 80, Nº6, 2004 verificou a capacidade de ganho de peso de recém nascidos com baixo peso por necessidade de internação. Estudos demonstraram que o uso de leite humano processado (banco de leite) é menos calórico do que os que são extraídos no momento do aleitamento, o que nos faz questionar ainda mais.. Se o leite humano processado já perde suas propriedades por ter sido armazenado imagina o uso das fórmulas infantis?
Esse é um tema que deveria ser pautado e controlado por legislação para que o uso não fosse desenfreado e sem necessidade médica comprovada.
Camila Vieira
DRE:111474378
Gostaria de saber o que leva um acadêmico de farmácia, estudar sobre complemento alimentar infantil? Você é pai?
ResponderExcluirAchei o tema bastante interessante e com perguntas bastante instigantes. No último parágrafo do texto é bem interessante perceber o questionamento de porque não usar o leite de vaca para recém nascidos sendo respondido. No entanto no texto são levantadas muitas perguntas que ficam sem respostas e são feitas afirmações vagas que deixam a dúvida ainda maior. Afirmações como "O uso indiscriminado com doses equivocadas pode fazer mal a criança", o que são doses equivocadas? o que é fazer mal a criança? Essas questões poderiam ter sido melhor explicadas apresentando uma visão técnica a respeito das doses para diferentes crianças e quais os possíveis prejuízos de uma criança utilizar esse leite sem acompanhamento.
ResponderExcluirJúlia Moreira de Abreu- DRE: 116081578
ResponderExcluirÉ necessário reconhecer que em alguns casos, por diversas razões o bebê necessita de suplementação alimentar. E os produtos mais adequados são as infant fórmulas. Porém, será que a legislação vigente faz o máximo possível para garantir que os fabricantes produzam um substituto o mais parecido possível com o leite materno e que as embalagens e rótulos não levem o consumidor ao erro de achar que as infant fórmulas têm algum “bônus” que o leite materno não tem?
Isso deve ser levado em conta para garantir que, mesmo quando as mães são aconselhadas a usar as fórmulas por médicos ou mesmo pelo fácil acesso de poder comprá- las nas farmácias sem restrições, a legislação assegurará que os fabricantes tenham a obrigatoriedade de produzir um produto que seja o mais parecido possível com o leite materno e que não fique a cargo dos responsáveis pelas crianças, muitas vezes sem o conhecimento necessário, ter que discernir os rótulos e as vantagens que uma marca tem em relação a outra e qual será melhor para o seu bebê. Além disso, também é necessário a regulamentação da propaganda para que não sejam dados como “bônus”, elementos que deveriam ser requisitos compulsórios para um substituto do leite materno.
Os órgãos regulamentadores como o Codex Alimentarius e a ANVISA ainda produzem uma regulamentação muito defasada sobre o conteúdo qualitativo e quantitativo adequado das infant fórmulas. É possível observar isso pelas diferenças entre as listas de ingredientes observadas nessa categoria de produtos de diferentes marcas, refletindo uma falta de padronização, em que é apenas permitida e não obrigatória a adição de elementos essenciais, e a falta de restrições a elementos aos quais os bebês não seriam expostos dessa maneira se fossem alimentados exclusivamente com o leite materno.
Além disso, é permitido que esses fabricantes façam propaganda de aditivos que são encontrados no leite materno e que não deveriam ser diferenciais e sim obrigações das infant fórmulas, como por exemplo taurina, nucleotídeos, culturas produtoras de L(+) ácido lático, DHA, ARA, TCM, enriquecimento com ferro e zinco, cálcio e fósforo de alta disponibilidade, probióticos, prebióticos, simbióticos, bifidogênicos, etc.
Esse tópico deveria receber mais atenção, já que esse setor de mercado, as infant fórmulas, envolve não apenas a simples alimentação mas a nutrição e saúde de indivíduos vulneráveis, e toda essa propaganda pode levar os consumidores responsáveis pela alimentação dos mesmos ao engano.
O texto traz reflexões importantes no uso de Aptamil 1 Premium como substituição do leite materno nos primeiros 6 meses de vida do bebê. Porém, pouco foi explorado sobre os elementos pertencentes a composição desse leite adaptado. Como por exemplo, os fruto-oligossacarídeos (FOS) e os galacto-oligossacarídeos (GOS), prebióticos cuja atividade bifidogênica já foi comprovada em adultos, contudo quando se trata de crianças, essa atividade tem sido pouco testada. De forma geral, estudos indicam a possibilidade da suplementação segura de fórmulas infantis com FOS e GOS, no intuito de facilitar o trânsito intestinal de lactantes. Ainda, investigações preliminares indicam que os prebióticos podem ser adjuntos dietéticos úteis para controlar infecções no sistema gastrintestinal e podem ser utilizados para modificar uma composição microbiológica complexa. O ácido araquidônico (ARA) e ácido docosohexaenoico (DHA) são dois ácidos graxos de cadeia longa, cruciais para o crescimento cognitivo, desenvolvimento psicomotor e acuidade visual. A implementação desses ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa é imprescendível, devido a incapacidade de sintetização dos mesmos, por causa da imaturidade hepática presente no recém-nascido. Por último, os nucleotídeos desempenham uma grande variedade de funções no metabolismo celular, como: participação das reações de transferência de energia metabólica, atuação como segundo mensageiro na resposta hormonal, componentes estruturais de cofatores enzimáticos e intermediários metabólicos e participação no armazenamento e na transmissão da informação genética, sendo o último a característica mais importante no desenvolvimento de neonatos.
ResponderExcluirBruna R Coelho Monteiro
DRE: 114166322
Muito boas as suas colocações, Marcos.
ResponderExcluirEu gostaria de fazer um acréscimo levantando a seguinte questão: por que o fabricante destaca os aditivos na frente da embalagem, sem fazer menção ao fato de que eles estão presentes no leite materno? Isso acaba por criar para esse alimento uma falsa imagem de vantagem, podendo fazer o consumidor pensar que ele é superior ao leite materno. Acredito que isto ocorra por "brechas" na legislação que regulamenta as fórmulas infantis, e também pela falta de fiscalização a que elas estão submetidas. Mesmo com a Lei 11265/2006 coibindo tal ato, as empresas persistem em fazê-lo.
O texto em questão nos mostra se a formula infantil do APTAMIL seria benéfica ao consumidor final (lactente). Realmente em muitos casos um bebê precisa realmente de uma suplementação em adição a amamentação materna que este é submetido, porém temos que nos lembrar que essa suplementação tem que ser criteriosamente investigada e acompanhada pelo médico e nutricionista. Não esquecendo de bebes que muita das vezes não tem a possibilidade de ter esse aleitamento materno nos primeiros 2 anos de vida conforme é indicado pela OMS. Não devemos esquecer que este aleitamento é fundamental pois confere ao bebê uma proteção contra varias doenças e como já estudado um bebe somente alimentado por tais formulas infantis é mais susceptível a ter uma gama de doença e a um sistema imunológico debilitado por essa falta, levando então a questão que estas formulas infantis devem realmente ser um COMPLEMENTO e não uma EXCLUSIVIDADE na nutrição destes bebês.
ResponderExcluirOutro ponto a lembrar são os aspectos regulatórios que norteiam tais formulas como a RDC 43/2011