Suplementação de alimentos com ferro e zinco.
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Imagem retirada do Google. Imagem ilustrativa de um dos alimentos que contém em sua composição ferro e zinco |
Alimentos fortificados com Ferro e Zinco ajudam na suplementação alimentar de crianças?
A importância dos elementos traço na nutrição humana tem sido ressaltada nos últimos anos. Estudos de biodisponibilidade, que visam medir em que proporção estes elementos serão absorvidos e metabolizados, preconizam metodologias que levam em consideração os fatores extrínsecos da dieta e intrínsecos do organismo, que podem afetar a absorção e utilização desses elementos. A interação biológica existente entre os minerais quimicamente similares, constitui um desses fatores.
A interação competitiva entre ferro e zinco tem sido demonstrada em experimentos com animais e humanos, podendo ocorrer com excesso de ferro interferindo no zinco como também em sentido contrário. Apesar da interação ferro-zinco ser fundamentada na similaridade química entre esses minerais, o mecanismo deste processo ainda é questionável.
As anemias nutricionais têm sido combatidas por meio de medidas preventivas e curativas, baseadas na administração de sais de ferro como suplemento medicamentoso e/ou fortificação de alimentos com ferro. Tal fato tem induzido o uso crônico de ferro inorgânico em algumas populações, muitas vezes sem levar em consideração os demais micronutrientes, o que poderia afetar o estado nutricional desses indivíduos em relação ao zinco.
Diversos artigos vêm mostrando que a biodisponibilidade de zinco (Zn) diminuiu com a suplementação de ferro (Fe), e o processo competitivo Fe:Zn foi influenciado pela qualidade da dieta e pelas proporções de Fe:Zn. Estes conhecimentos devem ser considerados nas práticas de fortificação de alimentos e/ou suplementação medicamentosa, indicadas em carências nutricionais específicas e generalizadas.
Descrição do Produto
MUCILON®, contém NutriPROTECT+, uma combinação de probiótico Bifidus Bifidobacterium lactis e nutrientes essenciais como Zinco, Vitamina A, Vitamina C e Ferro de melhor absorção. Assim como os lactobacilos, a bifidobactéria Bifidus BL é um probiótico similar aos encontrados no sistema digestório e faz parte de uma flora intestinal saudável. É específico para complementar a alimentação de crianças a partir do 6º mês e uma ótima opção para lanches intermediários.
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Imagem retirada do Google. Valores nutricionais de alimento que contém ferro e zinco em sua composição. |
Fundamentos Bromatológicos
O produto tem como ingredientes: farinha de milho enriquecida com ferro e ácido fólico, açúcar, sais minerais (fosfato de sódio dibásico, carbonato de cálcio, fumarato ferroso, sulfato de zinco), vitaminas (vitamina C, niacina, ácido pantotênico, vitamina A, vitamina B1, vitamina B6, ácido fólico, vitamina D) e aromatizante vanilina. Além disso, contém glúten e traços de leite.
O ferro é um micronutriente muito importante para o funcionamento do organismo humano. Ele tem como funções a formação de hemácias, transporte de oxigênio para as células, produção de enzimas, entre outras. Tanto o excesso como a deficiência deste elemento são prejudiciais à saúde. A sua deficiência pode resultar em anemia (anemia ferropriva).
Por outro lado, o zinco é um elemento essencial para os seres vivos sendo encontrado em enzimas e é indispensável aos processos metabólicos essenciais como duplicação de DNA e síntese de proteínas. Dentre suas funções podemos citar que ele é importante para manutenção de resposta imunológica adequada e a participa do metabolismo da vitamina A. Esse mineral também auxilia no crescimento: vários estudos de suplementação com zinco em crianças de países em desenvolvimento demonstraram efeito positivo, principalmente na estatura. Sua deficiência causa: retardo de crescimento, atraso de maturação sexual e esquelética, desenvolvimento de dermatite, diarreia, falta de apetite, diminuição no paladar e aparecimento de alterações no comportamento.
Discussão, Legislação e Conclusão
A fortificação de alimentos com nutrientes é uma prática aceita e empregada pelos processadores de alimentos desde a metade do século XX e tem como objetivo reforçar o valor nutritivo e prevenir ou corrigir deficiências de um ou vários nutrientes (ANVISA, 2006). No Brasil, a Resolução RDC 344, de 13 de dezembro de 2002, instituiu que desde junho de 2004, as farinhas de trigo e milho deveriam ser enriquecidas com ácido fólico (150 mg/100 g de farinha) e ferro (4,2 mg/100 g de farinha). O objetivo dessa obrigatoriedade é a prevenção de anemia ferropriva e de defeitos no fechamento do tubo neural.
De acordo com estimativa do Ministério da Saúde, cerca de 45% das crianças brasileiras de até 5 anos (10 milhões de pessoas) têm anemia. As consequências fisiológicas são insuficiência no transporte de oxigênio, no metabolismo oxidativo, no metabolismo nuclear e na transcrição de genes, causando desde prejuízos no desenvolvimento intelectual e comportamental, até baixas na resistência imunológica
Estudos realizados por pesquisadores indicam, entretanto, que a suplementação com ferro pode comprometer a biodisponibilidade do zinco no organismo humano já que existe interação competitiva, fundamentada na similaridade química entre eles. O zinco possibilita várias funções bioquímicas, pois é componente de inúmeras enzimas. Participa na divisão celular, expressão genética, processos fisiológicos como crescimento e desenvolvimento, na transcrição genética, na morte celular, age como estabilizador de estruturas de membranas e componentes celulares, além de participar da função imune e desenvolvimento cognitivo. Alguns trabalhos disponíveis na literatura apontam a proporção em torno de 4:1 (Fe:Zn) como desfavorável para o aproveitamento do zinco.
Apesar da importância fisiológica do zinco na manutenção de vários processos no organismo humano, pouco se tem feito para combater a deficiência desse mineral no mundo. As políticas de fortificação são voltadas para a deficiência de ferro que, quando fornecido como suplemento ou na forma de alimento fortificado, compete com o pouco zinco dietético disponível. Como estratégia de combate a algumas deficiências nutricionais inclui-se a fortificação de alimentos com minerais e mesmo o uso de suplementação, em populações de risco. As possíveis interações entre estes micronutrientes devem ser consideradas a fim de não comprometer o estado de saúde com relação a um outro mineral. A forma comercialmente mais indicada para este fim é o ferro quelatado (ferro bisglicina quelato), pois apresenta menor toxicidade, melhor tolerabilidade e maior biodisponibilidade, com baixíssima concorrência com quaisquer outros minerais, podendo ser administrado juntamente com o zinco em produtos como o Mucilon.
Referências
Autoras: Manoela Baptista e Thais Soares
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