De acordo com a Portaria nº32, de 13 de janeiro de 1998, a qual foi emitida pelo Ministério da Saúde e Secretaria de Vigilância Sanitária, classificam-se como suplementos:
- Vitaminas isoladas ou associadas entre si;
- Minerais isolados ou associados entre si;
- Associações de vitaminas com minerais;
- Produtos fontes naturais de vitaminas e ou minerais, legalmente regulamentados por Padrão de Identidade e Qualidade (PIQ) de conformidade com a legislação pertinente.
O registro da L-carnitina na ANVISA se encontra na categoria de ‘novos alimentos e novos ingredientes’, devendo atender ao Regulamento Técnico Específico de Rotulagem de Alimentos Embalados. É descrito ainda que especificamente para a L-carnitina devem constar no rótulo as seguintes informações:
· "Não utilize mais do que 2g diários de L -carnitina"
· "O Ministério da Saúde adverte: não está comprovado que este produto melhore o desempenho físico."
· "O produto não é indicado para redução de gordura corporal"
· "O consumo acima da quantidade recomendada pode provocar sintomas como náusea, diarréia e vômito"
De acordo com a RDC nº269, de 22 de setembro de 2005, a qual aprova o “Regulamento técnico sobre a ingestão diária recomendada (IDR) de proteína, vitaminas e minerais”, a ingestão diária recomendada para o ácido pantotênico é de 5 mg em indivíduos adultos. A ingestão diária recomendada para a L-carnitina não foi informada.
Fundamentos Bromatológicos
A L-carnitina é uma amina produzida pelo fígado, rins e cérebro, a partir dos aminoácidos lisina e metionina. Essa molécula tem função fundamental na geração de energia pela célula através do transporte de ácidos graxos de cadeia longa do citoplasma da célula para a mitocôndria, onde serão oxidados e produzirão ATP.
A partir de uma dieta balanceada, 50g a 100g de carnitina podem ser absorvidas diariamente, sendo a carne e produtos lácteos as maiores fontes de obtenção.
A homeostase dessa molécula é baseada no consumo dietético e na produção endógena associada à reabsorção renal da mesma. Dessa forma, quanto menor a ingestão de carnitina, maior será a reabsorção renal, assim como um aumento no consumo da mesma irá levar a uma maior excreção, o que seria o caso do uso suplementar de carnitina.
Conforme indicado no rótulo do produto, a L-Carnitina 2300 produzida pela ‘Mundo Verde’ possui em sua formulação além da carnitina, o ácido pantotênico, também conhecido como Vitamina B5.
O ácido pantotênico faz parte da coenzima A e da proteína carreadora de grupos acila (ACP), atuando em diversas vias enzimáticas, como no metabolismo de ácidos graxos, aminoácidos e carboidratos, assim como na produção de colesterol, fosfolipídeos e hormônios esteroides. Esta vitamina é amplamente encontrada em diversos alimentos, não só de origem animal, mas também vegetal, além de ser produzida pela flora intestinal, dessa forma, casos de deficiência são raros.
Discussão
A sugestão de consumo fornecida na embalagem indica que deve-se utilizar 30mL do suplemento ao dia, o que indica um consumo de 2,3 mg de L-carnitina e 5,0mg de ácido pentotênico. Levando em consideração que segundo a Avisa um indivíduo não deve fazer uso superior a 2,0 mg de L-carnitina por dia e que a ingestão diária recomendada de ácido pantotênico é de 5mg, e este é amplamente encontrado em diversos tipos de alimentos, o uso deste suplemento provavelmente irá fornecer uma quantidade em excesso de ambos os componentes.
O excesso de L-carnitina será regulado através de eliminação pela urina, enquanto que o ácido pantotênico pode também ser eliminado pela urina, no entanto, o consumo de aproximadamente 10mg do mesmo pode causar diarréia.
Pode-se ainda perceber que o rótulo do produto analisado apresenta algumas informações como: "Ministério da saúde adverte: não existem evidências científicas comprovadas de que este alimento previna, trate ou cure doenças". Porém algumas das outras frases preconizadas pela Anvisa não estão presentes.
Estudos de avaliação do uso da L-carnitina em pessoas que praticam atividades físicas sugerem que esta possui papel importante na detoxificação do músculo, diminuindo o acúmulo de radicais livres, de proteínas citosólicas, havendo menor dano tecidual e amenizando a dor muscular. No entanto, estudos que identifiquem a L-carnitina como um promissor no processo de emagrecimento são escassos na literatura, não sendo possível ainda comprovar os seus efeitos para esta função.
Conclusão
Estudos clínicos indicam que a L-carnitina é um suplemento que auxilia na diminuição da fadiga muscular em indivíduos que praticam atividade física, porém ainda é controversa a sua utilidade como auxiliar no emagrecimento.
Referências
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