Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Pimenta malagueta in natura x em conserva: possuem o mesmo valor nutricional?







Introdução

                A pimenta malagueta é uma das especiarias mais consumidas no mundo, só perdendo para o alho e para a cebola. Ela já está presente na culinária brasileira há mais de 500 anos e por isso movimenta em torno de 80 milhões de reais por ano.
                Seu cultivo é feito de maneira rústica e o seu processamento, na maioria das vezes caseiro, é feito como forma de agregar valor ao produto. Porém, as indústrias caseiras não possuem estrutura para a realização de análises acerca da composição, da qualidade e da segurança do produto.
                Essa especiaria possui grande valor nutricional atribuído às proteínas, glicídios, lipídios, minerais, água e celulose ou fibras. Além disso, ela possui alto teor de vitaminas A e C, superiores aos encontrados no pimentão e demais olerícolas produzidas no Brasil. Entretanto, a vitamina C (ou ácido ascórbico) é rapidamente oxidada quando exposta ao ar ou à altas temperaturas.
                Portanto, o presente trabalho visa mostrar a composição química presente na pimenta malagueta e suas alterações conforme são submetidos a processos industriais. Por sofrer essas alterações, entra-se em questão o fato dela perder ou não suas propriedades importantes.

Resultados e Discussão

               Foram analisadas amostras de pimenta malagueta processada em conserva e in natura quanto aos seguintes parâmetros: acidez, pH, atividade de água, umidade, lipídios, proteínas, cinzas e ácido ascórbico. Os resultados podemos visualizar na tabela abaixo:



                De acordo com a tabela, podemos ver que a pimenta processada em conserva se mostrou mais ácida e com menor pH que a pimenta in natura e isso pode se dever ao fato de que durante o processamento, são adicionados conservantes como sal e vinagre, diminuindo o pH do produto.
                Ambas as amostras apresentaram um alto valor de atividade de água, o que pode deixá-las mais propensas ao crescimento de bactérias, fungos e leveduras.
                O decréscimo na umidade verificado na pimenta em conserva pode estar relacionado com a perda de água para a solução de salmoura. A umidade de um alimento está relacionada com sua estabilidade, qualidade e composição.
                Em relação aos teores de proteínas e lipídios, não houveram diferenças significativas entre as amostras.
                Quando observamos os valores encontrados para o ácido ascórbico, percebemos uma grande perda durante o processo. De acordo com Lima et al (2000), a perda de vitamina C é causada principalmente pela incorporação de ar durante as etapas do processamento que favorece as reações aeróbicas, além da temperatura e tempo de armazenamento, sendo o uso de baixas temperaturas, condição imperativa para a retenção de vitamina C durante a estocagem.

Conclusões

                Portanto, o processamento de alimentos pode alterar sua composição qualitativa e quantitativa, apesar de tornar os alimentos mais atraentes ao paladar e aumentar sua vida de prateleira.

                Sendo assim, concluímos que, após o processamento, ocorreu uma perda significativa na qualidade nutricional da pimenta malagueta, principalmente em relação ao teor de vitamina C.

Referências

CORREIA LFM; FARAONI AS; PINHEIRO SANTANA HM. 2008. Efeitos do Processamento Industrial de Alimentos sobre a Estabilidade de Vitaminas. Alimentos Nutrição. 19:83-95.

COSTA LM; MOURA NF; MARANGONI C; MENDES CE; TEIXEIRA AO. 2009. Atividade Antioxidante de pimentas do gênero Capsicum. Ciência e Tecnologia de Alimentos. 

LIMA VLAG; MELO EA; LIMA LS. 2000. Avaliação da Qualidade de Suco de Laranja Industrializado. Boletim CEPPA 18:95-104.

REBOUÇAS TNH; VALVERDE RMV; TEIXEIRA HL. 2013. Bromatologia da pimenta malagueta in natura e processada em conserva. Horticultura Brasileira 31: 163-165.

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