Introdução
A
pimenta malagueta é uma das especiarias mais consumidas no mundo, só perdendo
para o alho e para a cebola. Ela já está presente na culinária brasileira há
mais de 500 anos e por isso movimenta em torno de 80 milhões de reais por ano.
Seu
cultivo é feito de maneira rústica e o seu processamento, na maioria das vezes
caseiro, é feito como forma de agregar valor ao produto. Porém, as indústrias
caseiras não possuem estrutura para a realização de análises acerca da
composição, da qualidade e da segurança do produto.
Essa
especiaria possui grande valor nutricional atribuído às proteínas, glicídios,
lipídios, minerais, água e celulose ou fibras. Além disso, ela possui alto teor
de vitaminas A e C, superiores aos encontrados no pimentão e demais olerícolas
produzidas no Brasil. Entretanto, a vitamina C (ou ácido ascórbico) é
rapidamente oxidada quando exposta ao ar ou à altas temperaturas.
Portanto,
o presente trabalho visa mostrar a composição química presente na pimenta
malagueta e suas alterações conforme são submetidos a processos industriais.
Por sofrer essas alterações, entra-se em questão o fato dela perder ou não suas
propriedades importantes.
Resultados e Discussão
Foram analisadas amostras de pimenta
malagueta processada em conserva e in natura quanto aos seguintes
parâmetros: acidez, pH, atividade de água, umidade, lipídios, proteínas, cinzas
e ácido ascórbico. Os resultados podemos visualizar na tabela abaixo:
De
acordo com a tabela, podemos ver que a pimenta processada em conserva se
mostrou mais ácida e com menor pH que a pimenta in natura e isso pode se
dever ao fato de que durante o processamento, são adicionados conservantes como
sal e vinagre, diminuindo o pH do produto.
Ambas
as amostras apresentaram um alto valor de atividade de água, o que pode
deixá-las mais propensas ao crescimento de bactérias, fungos e leveduras.
O
decréscimo na umidade verificado na pimenta em conserva pode estar relacionado
com a perda de água para a solução de salmoura. A umidade de um alimento está
relacionada com sua estabilidade, qualidade e composição.
Em
relação aos teores de proteínas e lipídios, não houveram diferenças
significativas entre as amostras.
Quando
observamos os valores encontrados para o ácido ascórbico, percebemos uma grande
perda durante o processo. De acordo com Lima et al (2000),
a perda de vitamina C é causada principalmente pela incorporação de ar durante
as etapas do processamento que favorece as reações aeróbicas, além da temperatura
e tempo de armazenamento, sendo o uso de baixas temperaturas, condição
imperativa para a retenção de vitamina C durante a estocagem.
Conclusões
Portanto, o processamento de
alimentos pode alterar sua composição qualitativa e quantitativa, apesar de
tornar os alimentos mais atraentes ao paladar e aumentar sua vida de
prateleira.
Sendo assim, concluímos que,
após o processamento, ocorreu uma perda significativa na qualidade nutricional
da pimenta malagueta, principalmente em relação ao teor de vitamina C.
Referências
CORREIA LFM; FARAONI AS; PINHEIRO SANTANA HM. 2008. Efeitos do Processamento Industrial de Alimentos sobre a Estabilidade de Vitaminas. Alimentos Nutrição. 19:83-95.
COSTA LM; MOURA NF; MARANGONI C; MENDES CE; TEIXEIRA AO. 2009. Atividade Antioxidante de pimentas do gênero Capsicum. Ciência e Tecnologia de Alimentos.
LIMA VLAG; MELO EA; LIMA LS. 2000. Avaliação da Qualidade de Suco de Laranja Industrializado. Boletim CEPPA 18:95-104.
REBOUÇAS TNH; VALVERDE RMV; TEIXEIRA HL. 2013.
Bromatologia da pimenta malagueta in natura e processada em conserva.
Horticultura Brasileira 31: 163-165.
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