Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

sábado, 17 de junho de 2017

Bebidas Energéticas: O consumo excessivo poderia levar a óbito?



                                              Figura 1: Monster Energy drink 

Os energéticos são bebidas não alcoólicas que tem como finalidades o fornecimento de energia e o estímulo do organismo. Por esse motivo têm sido cada vez mais utilizadas principalmente por jovens. Muitas pessoas já ouviram falar que o consumo de bebidas energéticas em excesso pode ser prejudicial. Entretanto, esse consumo excessivo poderia chegar ao extremo de levar ao óbito? 



Introdução

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, bebidas energéticas podem levar a efeitos  potencialmente letais, principalmente quando ingeridas em excesso ou em associação a bebidas alcoólicas. Segundo o artigo "Trombose aguda da artéria coronária esquerda relacionada à ingestão de bebida energética , publicado na renomada  American Heart Association, alguns casos de morte súbita, devido a problemas cardíacos,  foram ligados a bebidas energéticas. Dentre as causas citadas, destacam-se vaso espasmos coronários e sérias arritmias como a fibrilação ventricular. Por ser um dos energéticos mais populares no Brasil, a bebida Monster será objeto do presente estudo.

Fundamentos bromatológicos e legislação:
A bebida Monster, assim como a maioria das bebidas energéticas presentes no mercado, apresenta uma combinação de estimulantes como cafeína, Glucoronolactona e Taurina em sua composição, sendo que, o principal ingrediente ativo consiste na cafeína.
A ANVISA preconiza as seguintes doses máximas de cada ingrediente na bebidas energéticas (Composto Líquido Pronto para o Consumo): 

-Inositol: máximo 20 mg/100 ml 
-Glucoronolactona: máximo 250 mg/100 ml  
-Taurina: máximo 400 mg/100 ml 
-Cafeína: máximo 35 mg/100 ml.

Em relação a cafeína, segundo a European Food Safety Authority (EFSA), o consumo seguro diário para adultos, sem nenhuma sensibilidade à essa substância, é de 400 mg por dia. 

Discussão:
Conforme apresentado no rótulo do produto, podemos observar que  a composição da bebida Monster encontra-se dentro dos limites preconizados pela Anvisa. 

                   Figuras 2 e 3: Rótulo da Bebida Monster


Ao verificarmos o conteúdo de cafeína podemos inferir que  para  manter-se dentro dos limites de segurança mencionados pelo European Food Safety Authority, o consumidor poderia ingerir aproximadamente 6 latas da bebida, caso não fizesse ingestão de cafeína por nenhuma outra fonte . Levando-se  em conta que muitos alimentos como chocolates, refrigerantes e outras bebidas também apresentam cafeína em sua composição, a quantidade máxima de ingestão do energético poderia ser ainda menor, dependendo da dieta do consumidor.

Conclusão:
Conforme apontado nos estudos, quando consumidas em excesso as bebidas energéticas podem  ter efeitos letais. Uma preocupação em relação a essas bebidas é que, pelo fato de serem servidas geladas, podem ser consumidas em grandes quantidades e mais rapidamente do que bebidas quentes como café, que são bebericadas. Portanto,  para garantir o consumo seguro da bebida, seria importante que os riscos do consumo  em excesso e os limites de segurança fossem mais divulgados para o público, principalmente para os jovens. 


Referências Bibliográficas:

Benjo, A.  et al. Left Main Coronary Artery Acute Thrombosis Related to Energy Drink Intake. Circulation. 2012;125:1447-1448. Disponível em: http://circ.ahajournals.org/ content/ 125 / 11/1447.

Brasil. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC no 273, de22 de setembro de 2005. Aprova o “Aprova o Regulamento Técnico para Misturas parao Preparo de Alimentos e Alimentos Prontos para o Consumo (Bebidas Energéticas)”.Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 set. 2005. Disponível em:<http://www.anvisa.gov.br/e-legis/>.

European Food Safety Authority (EFSA)- Scientific Opinion on the safety of caffeine. 2015. Disponível em:http://www.efsa.europa.eu/sites/default/files/consultation/150115.pdf Acesso em: 16/06/2017.

Nabil Ghorayeb- Verdadeira bomba científica: mais problemas com energéticos. Disponível em: http://departamentos.cardiol.br/gecesp/coluna/56.asp. Acesso em: 16/06/2017.

New York Times. Bebidas energéticas estão associadas a comportamento de risco entre jovens. Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL591019-5603, 00BEBIDAS+ENERGETI CAS+ESTAO+ASSOCIADAS+A+COMPORTAMENTO+DE+RISCO+ENTRE+JOVENS.html. Acesso em: 16/06/2017.


World Health Organization - Energy drinks cause concern for health of young people. Disponível em: http://www.euro.who.int/en/health-topics/disease prevention/ nutrition/ news/ news/ 2014 / 10/energy-drinks-cause-concern-for-health-of-young-people. Acesso em : 17/06/2017

3 comentários:

  1. Bebidas energéticas se tornaram muito populares atualmente, seguindo o ritmo de crescimento de uma rotina acelerada e ocupada da sociedade, prevalente principalmente entre os jovens, e como acompanhante bem aceito com bebidas alcoólicas. Como dito no trabalho, um dos principais e mais estudados componentes das bebidas energéticas é a cafeína, sendo a ela associados efeitos maléficos e letais à saúde quando consumida ultrapassando os limites diários de uma dieta adequada. De acordo com o estudo da bebida energética "Monster Energy Drink", que atende aos limites diários de cafeína preconizados pela anvisa, conclui-se que o mais importante é que se eduque o público alvo que consome esses produtos pois, obviamente, a cafeína pode ser ingerida de outras fontes alimentares e, baseando-se nisso, é muito fácil ultrapassar a quantidade diária recomendada e gerar prejuízos à saúde, principalmente com relação a patologias cardiovasculares. Além disso, é importante ressaltar que a junção de álcool, uma droga psicoativa e depressora, com altas quantidades de estimulantes energéticos, obviamente tende a formar uma mistura prejudicial ao organismo.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Um cuidado extremamente importante é o consumo do energético (componentes: cafeína, taurina, glucoronolactona e guaraná) com o álcool, normalmente bastante consumida entre os jovens, que acabam negligenciando as informações contidas no rótulo de não misturar com álcool. Esta interação pode prolongar os efeitos excitatórios do álcool, algumas possibilidades são: devido a modulação da neurotransmissão gabaérgica exercida pela taurina, ou seja, diminuindo a atividade de GABA, a taurina reduziria o efeito depressor do álcool. Ou que possivelmente a redução do efeito depressor do álcool seja devida às ações estimulantes da cafeína no córtex cerebral. Alguns estudos mostram que em determinadas doses a co-administração da cafeína reduz alguns efeitos depressores do álcool. Como esta é um estimulante do SNC, ela pode aumentar os batimentos cardíacos, dependendo da dose, e apresentar efeito broncodilatador em pacientes que possuem asma.
    Já o metabolismo da glucoronolactona em humanos é desconhecida, porém é necessário o cuidado pois as rotas metabólicas envolvendo glicose podem ser um fator de risco para os diabéticos.

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