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Panax Ginseng é um medicamento fitoterápico adaptógeno rico em ginsenosídeos.
Uma das suas propriedades farmacológicas mais atraentes deve-se a ativação de
mecanismos neuprotetores e modulação das funções cognitivas. A bebida
energética Guaraviton possui duas formulações. Na primeira delas, é possível
notar como destaque em seu rótulo a palavra Ginseng, mas em sua tabela de
ingredientes existe apenas a adição de aroma de Panax Ginseng. Na segunda
formulação há adição do extrato de Ginseng Brasileiro, onde não há
especificação de qual espécie pertence o extrato utilizado na formulação. É
possível obter os efeitos farmacológicos do Panax Ginseng ingerindo Guaraviton?
Introdução:
O Panax Ginseng é uma raiz nativa do norte da china e da coreia usada há
séculos na medicina tradicional chinesa. Essa raiz pode ser classificada pelos
seus diferentes métodos de processamento e concentrações de compostos bioativos
chamados ginsenosídeos (saponinas triterpênicas). O Ginseng é conhecido
mundialmente pelas suas propriedades adaptógenas. Ou seja, possuem
propriedades que melhoram a nossa saúde e a capacidade de adaptação a situações
extremas de stress, seja emocional, físico ou químico. Pesquisas científicas confirmam
algumas de suas funções como vasodilatador, neuroprotetor, imunomodulador,
antiinflamatório, antioxidante, antienvelhecimento, anticancerígeno,
antidiabético e antidepressivos.
Fundamentos
Bromatológicos e Discussão:
Uma das propriedades mais atraentes do Ginseng
deve-se a ativação de mecanismos neuroprotetores e modulação das funções
cognitivas. Como por exemplo, o Ginsenosídeo Rb1 que demostra aumentar a
sobrevivência celular neuronal, proteger o hipocampo do dano isquêmico,
aumentar a fluidez da membrana de células corticais, aumentar absorção de
colina nas terminações colinérgicas cerebrais, modular a liberação e absorção
de acetilcolina, que diz respeito ao processo de aprendizagem e memória. O
ginsenosídeo Rg3 promove a ação fagocitária da microglia na remoção da proteína
fibrilar α-amilóide que se acumula nos neurónios até provocar a morte celular,
uma característica da doença de Alzheimer.
Ao nível celular, sabe-se que
determinados ginsenosídeos (Rb1, Re e Rg) ativam os canais de Ca2+ do endotélio
promovendo a hiperpolarização celular e, consequentemente, a libertação de
óxido nítrico (NO). Este, por sua vez
induz o relaxamento do músculo liso da parede do vaso, provocando a
vasodilatação, diminuindo assim a pressão arterial.
Além dos ginsenosídeos citados acima, já foram identificados mais de 100
diferentes tipos com propriedades farmacologias demonstradas através de estudos
utilizando animais, humanos e cultura de células. Entretanto essas substâncias
bioativas quando administradas por via oral não são bem absorvidas no
intestino, logo necessitam estar incorporadas a uma formulação a base de lipídeos,
ou ser coadministradas com outras substâncias que aumentem sua absorção. Logo,
para obter os benefícios dessa espécie é necessária sua incorporação em uma
forma farmacêutica desenvolvida para promover a absorção.
Os estudos toxicológicos do Panax Ginseng
definiram a dose diária de 5 a 30 mg de ginsenosídeos totais, esse medicamento
deve ser tomado no máximo por 3 meses.
E o
Ginseng adicionado ao Guaraviton, possui as mesmas funções do medicamento Panax
Ginseng?
Como é possível notar nas imagens das
embalagens abaixo, a bebida Guaraviton é comercializada de duas formas distintas.
O primeiro rótulo apresenta o Ginseng coreano (Panax Ginseng) apenas como aroma adicionado, que não confere a
bebida as características farmacológicas dos ginsenosídeos, pois não há
presença deles na substancia utilizada como aromatizante. Mesmo se fosse
adicionado um extrato rico em ginsenosídeos não seria possível garantir a
absorção dessas substâncias somente incorporando-as na formulação da bebida
energética devido as suas propriedades farmacocinéticas citadas anteriormente.
Rótulo
1: Guaraviton com aroma de Ginseng
Na segunda composição apresentada, há presença de extrato de Ginseng
Brasileiro que compreende as espécies do gênero Pfaffia que possuem mais de 27 espécies distribuídas no Brasil. Como o segundo
rótulo não especifica qual ou quais espécies do gênero são utilizadas na
formulação do extrato, é difícil realizar uma avaliação bromatológica desse
produto. Considerando que as características farmacológicas das espécies desse
gênero e suas propriedades farmacocinéticas e toxicológicas ainda não estão bem
definidas, não é seguro utilizar esse extrato adicionado a uma bebida de amplo
consumo.
Rótulo 2: Guaraviton com extrato de
Pfaffia
Portanto, o produto da forma que é apresentado causa confusão no
consumidor, que o ingere fazendo uma assimilação errada entre o Ginseng Coreano
(Panax Ginseng) medicamento com funções adaptógenas e neuroprotetoras e a bebida
que possui apenas o aroma de Ginseg Coreano, Ou a adição de outro tipo de
ginseng (gênero Pfaffia), que simplesmente não é
semelhante ao Panax Ginseng, logo não possui suas propriedades.
Legislação:
Segundo a RDC Nº. 273, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005 O Guaraviton é definido
como Composto Líquido Pronto para o Consumo, e quando é adicionado aroma (s)
nesse tipo de produto deve-se acrescentar a palavra “Sabor” ou “sabor
Artificial” seguido do nome do aromatizante usado.
No
regulamento técnico para medicamentos fitoterápicos a palavra Ginseng está
especificada como nome popular do Panax Ginseng.
Conclusão:
A
nomenclatura Ginseng é definida como nome popular do medicamento fitoterápico Panax Ginseng, que possui muitas
características farmacológicas das quais se destaca sua propriedade
neuroprotetora. Logo, a apresentação do nome Ginseng no rótulo da bebida
Guaraviton gera uma assimilação errada entre a bebida e as propriedades do
medicamento. Portanto, devem ser feitas as modificações na embalagem do Guaraviton
indicando que possui “sabor de Ginseng” como definido na RDC Nº. 273,
DE 22 DE SETEMBRO DE 2005.
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RATES, S.M.K; GOSMANN, G. Gênero Pfaffia: Aspectos químicos,
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N.T; KAIRUPAN, T.S; CHENG, K.C; et al. A Role of Ginseng and Its Constituents
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http://dx.doi.org/10.1155/2016/2614742, Vol. 2016, N. 2614742, P.1-7, 26 julho
2016.
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ResponderExcluirCaso o ginseng inserido na formulação do Guaraviton fosse um extrato padronizado de Panax Ginseng, poderia-se obter uma associação interessante de produtos naturais para uma bebida de proposta energética. Com a Paullinia cupana se teria a ação das metilxantinas cafeína e teobromina, diminuindo fadiga motora e psiquica. Com Panax Ginseng, obteria-se efeitos benéficos dos ginsenosídeos como o Rb1, que possui ação neuronal relacionada aos processos de aprendizagem e memória, além de promover liberação de NO nos vasos sanguíneos, diminuindo a presão arterial.
ResponderExcluirPorém, a formulação atual do Guaraviton realiza uma associação de produtos naturais que não tem um sentido real, além de aludir aos efeitos do ginseng coreano erroneamente. Com o extrato de Pfaffia, não é possível estabelecer os principios ativos presentes, uma vez que não se sabe as espécies ali presentes.
A legislação vigente sobre produtos alimentícios pode ser melhorada neste aspecto, exigindo que os rótulos dos produtos sejam não somente claros, mas também precisos, sem aludir a efeitos benéficos que não possam ser provados.
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