Por que a amamentação é tão importante?
Como o DHA e o ARA impactam na vida do recém-nascido?
O aleitamento materno exclusivo
é recomendado pelo Ministério da Saúde até os 6 meses e associado a outros
alimentos até 2 anos de idade ou mais(1), no entanto, em casos de
condições de saúde como a infecção pelo vírus HIV, HTLV ou uso de
quimioterápicos, a lactante fica privada de amamentar(2). Nessas
situações as fórmulas infantis surgem como solução ou opção para nutrir os
recém-nascidos, e são, por definição, produtos em forma líquida ou em pó
destinados à alimentação de lactentes, sob prescrição de profissional da saúde(3).
Porém, mesmo tendo sido elaboradas com o intuito de se assemelhar ao leite
materno, sua composição não se iguala as propriedades fisiológicas do mesmo,
como já comprovado cientificamente. Além das fontes de carboidratos, proteínas
e outros componentes presentes no leite humano diferirem em identidade e
qualidade das formulações prontas(4).
O DHA é um ácido graxo
poli-insaturado de cadeia longa que possui funções bioquímicas e fisiológicas
relevantes no metabolismo humano, como formação e funcionamento do sistema
nervoso central e da retina, sendo um nutriente fundamental para o crescimento
e desenvolvimento infantil. Está normalmente presente no leite materno e
estudos demonstram que quando em altas concentrações está diretamente relacionado
ao melhor crescimento e desenvolvimento do cérebro e do sistema visual em
crianças, é considerado o ácido graxo mais importante no desenvolvimento
neonatal(5). O ARA também tem cadeia longa, participa das estruturas
celulares e do sistema imunológico, como precursor de mediadores inflamatórios.
A importância do fornecimento de DHA e do ARA pela mãe se dá pela incapacidade
do feto de sintetizar tais ácidos graxos, nesse momento estes são fornecidos
através da placenta. Mesmo pós o nascimento o RN continua incapaz de
sintetizá-los devido à imaturidade hepática, sendo assim, a mãe continua a
suprir essas necessidades do RN, agora através do leite.
Quando há a necessidade do uso
de fórmulas infantis, mesmo as que contam com adição desses ácidos graxos, elas
não se igualam em eficácia ao leite humano. Estudos bioquímicos em RN e prematuros
indicam que os alimentados com formulações têm níveis significativamente mais
baixos de DHA e ARA nas hemácias do que os bebês que se alimentam do leite
materno, sugerindo que as formulações que contém apenas ácidos graxos
essenciais podem não ser eficazes para atender as necessidades do RN. Além
disso, recém-nascidos alimentados pelo leite humano apresentam maior acuidade
visual(6).
Fórmulas infantis x leite materno
Comparou-se a fórmula infantil
Aptamil Premium 1 (DANONE) com o leite materno. Foi observado seu rótulo
nutricional e este foi confrontado com os constituintes do leite fornecido pela
mãe.
TABELA NUTRICIONAL APTAMIL
PREMIUM 1 DANONE
|
Constituintes
|
Quantidade por 100mL
|
Carboidratos
|
7,3g
|
Proteínas
|
1,3g
|
Gorduras totais
|
3,5g
|
DHA
|
7mg
|
ARA
|
12mg
|
TABELA NUTRICIONAL LEITE
MATERNO
|
Constituintes
|
Quantidade por 100mL
|
Carboidratos
|
7g
|
Proteínas
|
0,8 – 0,9g
|
Gorduras totais
|
3 – 4g
|
DHA
|
30mg
|
ARA
|
20mg
|
O
que diz a lei?
As RDC N° 42, 43, 44, 45 e 46 de
2011 são as resoluções que regulamentam as fórmulas infantis. A RDC 43/2011 dispõe
sobre o regulamento técnico para fórmulas infantis para lactentes, esta regula
quais componentes permitidos e em quais concentrações devem estar nos produtos.
Sobre DHA e ARA, estes são elementos
não obrigatórios nas formulações, sendo considerados aditivos. O DHA não deve
ultrapassar 0,5% do conteúdo total de gorduras e o ARA deve atingir pelo menos
a mesma concentração de DHA de acordo com a RDC. O produto Aptamil Premium 1 é
uma fórmula de partida, indicada para o primeiro semestre de vida e se enquadra
em todos os requisitos exigidos pela legislação brasileira, segundo informações
contidas no rótulo.
Escolhendo a melhor
opção
Como
citado em literatura e comprovado em estudos, o leite materno é a opção mais
completa para alimentação do RN, pois possui os constituintes fundamentais para
suprir a necessidade do mesmo. Alguns elementos sofrem alterações em suas
concentrações de acordo com a alimentação da lactante, como o DHA e ARA, já
outros, como os carboidratos, tem sua quantidade independente da dieta.
Entretanto, quando não possível a amamentação as fórmulas infantis constituem a
melhor opção, visto que o leite de vaca tem concentrações inadequadas e
deficiências no que diz respeito a ácidos graxos, não atendendo a demanda dos
bebês.
Mesmo com a suplementação de DHA
e ARA, estes não se encontram tão biodisponíveis nas formulações, como no leite
materno. Isto é, apesar da presença e da quantidade, não são absorvidos de
forma muito eficiente quando como na amamentação. Toda via, tendo em vista sua
importância para o sistema cerebral e visual, optar por uma formulação com DHA
e ARA é benéfico.
BIBLIOGRAFIA
1-
SAÚDE, M. Aleitamento
materno, distribuição de leites e fórmulas infantis em estabelecimentos de
saúde e a legislação. 1ed, Brasília: Ministério da Saúde, Brasília, p. 8,
2014.
2-
MANARINI, Thaís. Fórmulas infantis: modo de
usar. Saúde é vital, p. 47-49, 2017.
3-
DE ARAÚJO, Thaíze. Fórmulas infantis: como e
quando usar? Programa de pós graduação em alimentos e nutrição da Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.unirio.br/ccbs/nutricao/ppgan_pt/alimentacao-e-saude/palestras/2015/formulas-infantis-quando-e-como-usar>.
Acesso em: 16 Abril 2019.
4-
SAÚDE, M. Aleitamento
materno, distribuição de leites e fórmulas infantis em estabelecimentos de
saúde e a legislação. 1ed, Brasília: Ministério da Saúde, Brasília, pg. 17,
2014.
5- Formula, Committee on the Evaluation of the Addition
of Ingredients New to Infant. Infant Formula: Evaluating the Safety of New
Ingredients. The national academies
press, Washington, D.C., p. 17-18,2004.
6-
GONZALÉZ, Francisca Echeverría; BÁEZA, Rodrigo
Valenzuela. In time: Importância dos ômega 3 na nutrição infantil. Revista
Paulista de Pediatria, São Paulo, ed 35, p. 3-4, 2017.
7-
Simmer
K, Schulzke SM, Patole S. Longchain polyunsaturated fatty acid supplementation
in preterm infants. Cochrane Database
Syst Rev, 2008.
Como o próprio trabalho já começa explicando a complexidade nutricional de um leita meter não se comparada ao de uma fórmula infantil, uma vez que os nutrientes provenientes de um leite são adquiridos através de uma alimentação balanceada e controlada para que o leite da lactante tenha todos os nutrientes necessários para suprir a necessidade do lactente. Enquanto em uma fórmula os ingredientes sintetizados e manipulados para que essa possa conter alguns dos nutrientes que são e importância para o desenvolvimento físico e intelectual do RN.
ResponderExcluirO quadro de comparação da tabela nutricional, mostra que em relação aos macronutrientes a fórmula é muito similar ao leite materno, mas comparado com a quantidade DHA e ARA, não há comparação. O fato da RDC 43/2011 não indicar obrigação desses componentes e um limite máximo desses na composição, justifica os valores tão abaixo comparado ao leite materno, mesmo já tendo estudos comprovando a importância desses para o crescimento e desenvolvimento infantil, assim como atua no sistema visual e imunológico.
O único a alerta a ser feio é que as fórmulas só deveriam ser utilizadas em casos de extrema necessidade onde a lactante é impossibilitada de amamentar, ou em casos de acima de 6 meses como complemento.