"Ensure
– Nutrição completa e balanceada."
A
propagação da informação sobre a real indicação do Ensure é de fato seguida
pelas farmácias?
Antes de
discorrermos sobre a propagação da informação, é extremamente importante que
definamos o que é a tal informação e como esta, será utilizada como objeto de
estudo, seu conjunto em diferentes níveis e a definição de fórmula infantil.
“Segundo Bateson, a informação consiste em
ponto de vista para a interpretação de eventos ou objetos, que torna visíveis
os significados previamente invisíveis ou ilumina conexões inesperadas. Assim,
a informação é um meio necessário ou material para extrair e construir o conhecimento.
”(Nonaka & Takeuchi, 2008)
Além disso,
quando falamos em informação, também nos remetemos a tudo aquilo que se
encontra atrelado a uma determinada palavra, seja essa informação dada de
maneira verbal ou não verbal. Sendo assim, entramos no mundo da
hipertextualidade, que de acordo com Bugay & Ulbricht, é um modelo de
organização que “permite situar assuntos distintos, inter-relacionados em
diferentes níveis de aprofundamento, permitindo ao usuário trabalhar em seu
próprio ritmo [...], adequando às suas características e interesses. “ (Hipertextualidade, 2011)
A
pesquisa consistiu em visitar 20 farmácias: nos bairros do Rio Comprido (2
farmácias) e Tijuca (15) na cidade do Rio de Janeiro - RJ e no bairro do
Cascatinha (3 farmácias) em Juiz de Fora – MG. Na visita, os farmacêuticos
responsáveis foram indagados sobre qual seria a indicação para o Ensure e qual
a informação que o setor de formação desses profissionais (vinculados às
distribuidoras) passa como sendo a indicação de tal produto. Os resultados
foram compilados e geraram um gráfico de barras com as respostas obtidas. Além
disso, foram indagados sobre a possibilidade da transmissão não verbal da
possível indicação do produto, devido a sua alocação nas prateleiras das
farmácias.(Gráfico 1)
Com base nas
legislações que regulamentam as fórmulas infantis, RDC nº43, nº44, nº45 e nº
46, de 19 de setembro de 2011, foi analisada a composição do complemento
nutricional Ensure e contraposta com essas RDC’s, com o intuito de paramentar bromatologicamente os argumentos aqui expostos. Com o resultado da análise do
rótulo, vemos que em parâmetros pontuais, o Ensure não se adequa a classificação
de fórmula infantil.
Corroborando
a isso, o site da indústria farmacêutica produtora desse complemento, o produto
é indicado para adultos saudáveis que visam suplementar principalmente a
quantidade proteica em sua dieta, com o intuito de manter ou favorecer a
musculatura.
Entretanto, quando vamos para um dos seguimentos
finais da cadeia de transferência da informação, vemos associações ao produto
equivocada, seja por meio da informação falada (35 % dos farmacêuticos
consultados indicaram que receberam a informação da empresa nas quais
trabalhavam que o produto era uma fórmula infantil) ou visual (devido à
localização do produto nas mesmas prateleiras das fórmulas infantis) (100 % das
farmácias visitadas, apresentavam o produto na mesma prateleira das fórmulas
infantis).
Ao
falarmos em propagação da informação, devemos ir além do verbal, por isso,
entramos no mundo da hipertextualidade. Ao abranger no mundo hipertextual a
questão visual, a localização de produtos e a questão da elaboração gráfica de
um rótulo físico, somados às informações transmitidas pelo profissional de
saúde que ali se encontra para orientar, é de suma importância na formação de
opinião/conhecimento do consumidor. Dispor de grande atenção a esses “mínimos”
detalhes, pode fazer com que grandes problemas para o consumidor sejam
evitados.
Referências Bibliográficas:
Abbott. (19
de dezembro de 2016). ENSURE. Fonte: https://ensure.abbott/br/
ANVISA. (2011). RDC nº 43. Brasília.
ANVISA. (2011). RDC nº 44. Brasília.
ANVISA. (2011). RDC nº 45. Brasília.
ANVISA. (2011). RDC nº 46. Brasília.
Hipertextualidade. (22 de julho de 2011). Fonte:https://hipertextualidade.wordpress.com/category/conceito/
Nonaka, I., & Takeuchi, H. (2008). Teoria do
Conhecimento Organizacional. Porto Alegre: Bookman.
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ResponderExcluirA hipótese levantada seria que a indicação do uso do suplemento Ensure é propagado de forma equivocada. E a indagação seria a mesma do título: "A propagação da informação sobre a real indicação do Ensure é de fato seguida pelas farmácias?".
ResponderExcluirDe acordo com o levantamento feito pelo autor nas farmácias, a localização desse suplemento tem contribuído consideravelmente para o uso inadequado do produto. Pois, uma vez sendo indicado para adultos ou idosos que visam suplementar as a alimentação, especialmente em proteínas, os consumidores facilmente adquirem o produto considerando ser para crianças uma vez que, fisicamente, o produto encontra-se na mesma prateleira dos produtos alimentares para crianças, como suplementos ou leite em pó enriquecido destinados à dietas infantis.
Uma outra hipótese a ser levantada a partir dos resultados experimentais obtidos seria que esse erro na hora de adquirir o suplemento deve ser reduzida drasticamente com a separação física dos suplementos de uso adulto/senil e os de uso infantil (mudando de prateleira, por exemplo), bem como se houver uma orientação do farmacêutico. Ou, se houver um esclarecimento prévio por parte de outros profissionais de saúde, como o nutricionista, para que o paciente/consumidor possa chegar na farmácia com as orientações adequadas.
O questionamento sobre o local correto de apresentação do ensure nas farmácias é de grande relevância, tendo em vista que ele não é um produto indicado para crianças. Na descrição do produto diz que o Ensure é um suplemento nutricional que contém fórmula especial e exclusiva com nutrientes para reconstruir o músculo e recuperar a força e a energia das pessoas. Uma criança não tem gasto energético comparado a um adulto, e as quantidades de ingredientes não foram desenvolvidas para esse fim. A indústria deveria se preocupar em fornecer essa informação no rótulo, já que muita informação é passada de forma equivocada e muitas vezes baseada na troca "verbal" - não demonstrada cientificamente. A localização do produto é a segunda forma de auxiliar o paciente na sua busca por um suplemento que ele está precisando.
ResponderExcluirO mais correto que o consumidor tem a fazer é apenas comprar esse tipo de produto (suplementação) com indicação de um profissional adequado da área de saúde - nesse caso o nutricionista.
O produto em questão se trata de um suplemento alimentar, definido pela RDC Nº 243, DE 26 DE JULHO DE 2018 como um "produto para ingestão oral, apresentado em formas farmacêuticas, destinado a suplementar a alimentação de indivíduos saudáveis com nutrientes, substâncias bioativas, enzimas ou probióticos, isolados ou combinados." Dessa forma, cabe mencionar sobre o seu uso ser indicado para adultos e não crianças - como mencionado na pesquisa realizada. Além disso, a frase utilizada no rótulo "Nutrição completa e balanceada" foi retirada do rótulo e pode-se imaginar que por a mesma RDC preconizar que "a rotulagem dos suplementos alimentares não pode apresentar palavras, marcas, imagens ou qualquer outra representação gráfica (...) que: a alimentação não é capaz de fornecer os componentes necessários à saúde". Cabe mencionar que a atenção farmacêutica deve atender à necessidade dos pacientes, ampliando seus conhecimentos a outras formas farmacêuticas, como os suplementos comercializados em farmácias, evitando a propagação de informações errôneas e o consumo inadequado do produto pela população.
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