Introdução
Os
adoçantes foram desenvolvido com a finalidade de atender um grupo de
consumidores que vem crescendo nos últimos anos. Este grupo é
composto por consumidores com restrição na ingestão de açucares,
portadores da diabetes mellitus. Com o aumento da prevalência deobesidade (fator de risco para diabetes mellitus), estes
também foram indicados para atender este grupo. Porém, no cenário
atual, a busca pelo “corpo ideal” ocasionou
no aumento do consumo deste produtos. Com a intensificação de sua
utilização, é necessário a busca de compostos adoçantes cada vez
melhores e mais seguro, além de um intensificação na vigilância
destes produto. A sucralose,
neste cenário, é veiculada pela mídia como sendo o melhor e mais
seguro dos adoçantes devido as sua características, como sabor,
poder adoçante, entre outros.
O
objetivo deste trabalho é verificar se esta afirmação é
verdadeira, comparando as características e informações da
literatura sobre ela com outros adoçantes. Os adoçantes selecionado
estão no grupo de adoçantes não calórios, assim como a sucralose
e são os mais comuns no Brasil. São
ele: ciclamato, sacarina, acessulfame k, aspartame e stévia.
Legislação
consultada
Portaria
n º 38, de 13 de de janeiro 1998
Resolução
RDC nº 18, de 24 de março de 2008
Resolução
RDC nº 271, de 22 de setembro de 2005
Adoçantes
– Ingestão Diária Aceitável fornecida pela ANVISA que adquiriu
estas informações da JECFA (Evaluations of the Joint FAO/WHO
Expert Committee on Food Additives) que faz parte da OMS.
Fundamentos
Bromatológicos
A
sucralose é um composto organoclorado produzido à partir da
substituição de 3 hidroxilas (OH) por 3 cloros (Cl) na molécula de
sacarose. Esta molécula apresenta um poder adoçante de 600 vezes em
comparação a sacarose, apresenta um IDA (ingestão diária
aceitável) de 15 mg/Kg de peso corporal e não é calórico. Seu
sabor é semelhante ao da sacarose e não é absorvida pelo organismo
por apresentar 3 cloros em sua estrutura, não sofrendo ação da
sacarase o que provoca sua eliminação diretamente pelas fezes.
Figura
1 : estrutura química da sucralose.
Os
demais adoçantes apresentados neste trabalho são absorvidos pelo
organismo e eliminados de forma inalterada pela urina, exceto pela
stévia e o aspartame. O metabólitos produzidos são: ácido
aspártico, metanol e fenilalanina (aspartame); esteviol que é um
metabolito do esteviosídio. As características deste adoçantes
serão mostradas na tabela a seguir:
Tabela
1: características dos adoçantes
|
Poder
adoçante (em relação à sacarose) |
Sabor |
Caloria
(kcal/g) |
IDA
(mg/Kg de peso corporal) |
Aspartame |
200
vezes maior |
Sabor
semelhante ao açucar. |
4 |
40 |
Acessulfame
K |
200
vezes maior |
Sem
sabor residual e sabor de fácil percepção. |
0 |
9
- 15 |
Sacarina |
300
vezes maior |
Gosto
residual doce metálico. |
0 |
5 |
Ciclamato |
40
vezes maior |
Sabor
residual acre-doce ou doce-azedo. |
0 |
11 |
Stévia |
300
vezes maior |
Sabor
residual semelhante ao alcaçuz. |
0 |
5,5 |
Discussão
Com
as informações obtidas na
literatura, observou – se um controversia quanto aos adoçantes
ciclamato, sacarina, acessulfame K e aspartame. Alguns
autores verificaram em seus estudo um potencial carcinogênico por
parte destes compostos, mas, em outros estudos, não foi observado
este efeito. Então a estes adoçantes, apresentam um suspeita de
carcinogenicidade, devendo ser melhor estudados. Quanto à stévia,
estudos mostraram que o
esteviol parece agir como um disruptor endócrino na atividade da
progesterona.
Em
relação a sucralose, um estudo mostrou
que ela apresentou uma
instabilidade em sua estrutura à temperaturas de 98oC,
degradando – se em HPAC (hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
clorados) que apresentam potencial carcinogênico. Este resultado
parece ser plausível, pois a sacarose sob alta temperaturas sofre o
processo de caramelização, produzindo
5-HMF (5-hidroxi-metil-furfural) como um de seus produtos.
Porém, por falta de
estudos, não é possível comprovar este efeito, sendo necessário
maiores estudos. Mas, caso
esta suspeita
seja comprovada,
a utilização deste adoçante deverá
ser revista e uma legislação específica deverá
ser criada para que esteja
descrito no rótulo do
produto que não deve ser utilizado em alimentos quentes (à uma
temperatura próxima ou acima de 98oC)
e adicionada durante os processos de cocção dos alimentos.
Quanto
ao sabor, sucralose, o acessulfame K e o aspartame são os únicos
que não apresentam sabor residual, sendo uma característica
importante para a aceitação do consumidor. E a sucralose e o
aspartame se destacam por apresentar um sabor bem semelhante há
sacarose.
Em
relação poder adoçante, a sucralose se destaca em relação ao
demais por ser o dobro (sacarina e stévia) ou maior (demais
adoçantes) a relação aos outro adoçantes. Este fato representa um
ganho importante na segurança, pois quanto maior o poder adoçante
do composto, menor será a quantidade deste utilizado para adoçar o
alimento, diminuindo a exposição do consumidor há estas
substências.
Um
outro fator importante a se destacar, é que a sucralose não é
absorvida pelo organismo representando um ganho na segurança de seu
uso muito importante em relação aos outro adoçantes apresentados
que são absorvidos, pois ela não irá causar nenhum possível
efeito ao consumidor.
Em
relação as informações da litaratura, são necessárias mais
pesquisas estes adoçantes para o esclarecimento de seus efeitos no
organismo humano.
Quanto
as características dos adoçantes, a sucralose parece ser o melhor
adoçante até o momento. Além das pesquisas dos já existentes, o
desenvolvimento de novos adoçantes que sejam mais eficientes e
seguros também deve ser uma meta importante para melhor atender as
necessidades do consumidor.
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219201/pop_up?_101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU_viewMode=print&_101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU_l
anguageId=en_US.
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ANVISA; Resolução RDC nº 271, de 22 de setembro de 2005;
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http://portal.anvisa.gov.br/documents/33916/394219/RDC_271_2005.pdf/33a232aa-
65b1-490a-b2fe-a839b34ad070.
Acessado em: 07/12/2016;
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