Atualmente, podemos encontrar no
mercado muitos tipos de fórmulas infantis, com grande variedade nos rótulos,
que demonstram diversos nutrientes que são adicionados. Alguns nutrientes são
de extrema importância para o desenvolvimento do bebê, como os ácidos graxos
essenciais, que não são produzidos pelo organismo e são muito úteis para o
desenvolvimento neurológico e a função visual de uma criança. Sendo
assim, formulas infantis que contem essas substâncias podem fazer diferença no
QI de uma criança. Então, por que há essa diversidade tão grande nas formulas
infantis?
Descrição do produto
O produto Aptamil® Premium 1, da marca Danone®, é
uma fórmula infantil destinada para o uso por crianças de até seis meses de
vida. Contém proteínas lácteas. É comercializado em latas de 400 e 800 gramas.
Além do Aptamil Premium 1, é vendido também o 2, destinado a crianças a partir
dos seis meses, e o 3, indicado para crianças a partir do décimo mês de vida. É enriquecido com prebióticos, ácidos graxos
essenciais (ácido docosahexanoico – DHA - e ácido araquidônico – ARA) e
nucleotídeos.
Legislação
De acordo com a Portaria n° 997 de 05 de dezembro
de 1998 do Ministério da Saúde, considera-se Fórmula
Infantil o produto em forma líquida ou em pó, destinado à alimentação de
lactentes, sob prescrição, em substituição total ou parcial do leite humano,
para satisfação das necessidades nutricionais deste grupo etário; excetuando-se
as fórmulas destinadas a satisfazer necessidades dietoterápicas específicas.
Segundo a RDC n° 46 de 25 de setembro
de 2014 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), quando forem
adicionados os nutrientes ácido docosahexaenoico (DHA) e ácido araquidônico
(ARA), taurina, nucleotídeos, l-carnitina, frutooligossacarídeos (FOS) e
galactooligossacarídeos (GOS) e ou outros nutrientes opcionais, suas
quantidades devem ser declaradas na informação nutricional. No rótulo do
produto Aptamil®, é declarado que a fórmula contém alguns elementos citados
nesse trecho da legislação, como DHA, ARA, FOS e GOS que são prebióticos, e
nucleotídeos. E é visto que o rótulo contem as quantidades desses componentes
na tabela de informação nutricional, conforme é exigido na resolução.
Para as fórmulas infantis, de acordo
com o Informe Técnico nº 36 de 27 de junho de 2008 da ANVISA, os valores da
informação nutricional devem ser declarados por 100g ou 100 ml do alimento
quando exposto à venda; e no rótulo do produto, observamos que esse critério
também é atendido.
Discussão
O ácido docosahexanoico (DHA) e o
ácido araquidônico (ARA) são ácidos graxos de cadeia longa que estão presentes
na formulação do produto demonstrado acima. Especialistas apontam que o DHA é fundamental para o desenvolvimento
cerebral e para a visão das crianças, e que deve fazer parte da dieta da mãe
desde a gestação. O DHA
atua na formação, no crescimento e no próprio funcionamento do cérebro. Esse
órgão começa a ser estruturado ainda no útero, quando se formam bilhões de
células nervosas chamadas neurônios. Elas são protegidas por uma capa de
gordura, a bainha de mielina, que também ajuda na comunicação entre os
neurônios, as chamadas sinapses – e, quanto mais delas, mais rápido é o
pensamento. A mielina é composta por uma combinação de uma proteína
(esfingomielina) e gordura – no caso, o DHA.
Nosso corpo é rico em ácido alfa-linoleico (ALA),
o precursor do DHA e por meio do qual conseguimos metabolizar o nutriente no
organismo. Porém, o grau de conversão é reduzido e, por isso, a ingestão de DHA
se faz necessária. Além
do DHA, o ARA também é considerado um dos principais componentes da membrana
fosfolipídica das células do sistema nervoso central. Os ácidos graxos de
cadeia longa são rapidamente absorvidos no cérebro durante o seu período de
desenvolvimento, que corresponde o último trimestre de gravidez até
aproximadamente dois anos de idade. Embora maior parte desses ácidos graxos
essenciais sejam adquiridos e utilizados no período pré-natal, após o
nascimento também há o acúmulo desses lipídeos e são fornecidos principalmente
pela amamentação. Ou seja, esses ácidos graxos atuam sobre o crescimento, a funcionalidade
e a integridade do cérebro.
O leite materno apresenta três vezes
mais ARA e DHA que o leite de vaca, sendo o segundo insuficiente para atender
as necessidades do lactente. Os neonatos mais vulneráveis para desenvolver
deficiência desses ácidos graxos são os recém-nascidos prematuros e os que são
alimentados com fórmulas infantis sem a presença desses ácidos graxos. Foi
observado em estudos que recém-nascidos que tiveram deficiência nas quantidades
desses lipídeos poderiam sofrer de crescimento inadequado, dermatites, aumento
da susceptibilidade de infecções, entre outros problemas.
A melhor forma de assegurar a oferta desses
lipídeos para o bebê é por meio do leite materno, porém, quando a prática da
amamentação é impossibilitada, o uso das fórmulas infantis pode ser uma alternativa
para a alimentação do bebê. As fórmulas
infantis deveriam mimetizar o leite materno, necessitando que fossem constituídas
com o máximo de nutrientes possíveis que são encontrados no leite materno,
porém não é o que acontece com as que estão à venda no mercado e sim somente em
algumas versões como ditas “premium”. Apesar do avanço tecnológico e diversas modificações que
esses produtos sofreram ao longo do tempo, essas fórmulas ainda apresentam grandes
diferenças na composição quando comparadas ao leite materno.
No Brasil, tudo isso ainda é muito recente, as fórmulas infantis começaram a
ser comercializadas com ácidos graxos de cadeia longa no início de 2008. Porém,
lá fora, o DHA já é considerado
essencial para o desenvolvimento infantil. A European
Food Safety Authority (EFSA) aprovou, em maio de 2011, que três frases de saúde
relativas ao DHA fossem impressas nos rótulos de alimentos fonte ou
enriquecidos. É
preferencial que a suplementação das fórmulas infantis com o ARA e DHA sejam
feitas com quantidades próximas daquelas que são encontradas no leite materno.
O efeito benéfico dos ácidos graxos
essenciais para a saúde humana já foi evidenciado em diversos estudos. Durante
toda a etapa do crescimento do bebê, a oferta desses ácidos graxos em
quantidades adequadas é fundamental para o bom desenvolvimento e funcionamento
do cérebro e da retina. Alguns estudos já observaram maiores concentrações de
ácidos graxos de cadeia longa nos eritrócitos e no plasma de recém-nascidos
prematuros que foram alimentados com fórmulas enriquecidas com ARA e DHA, em
comparação com os que foram alimentados com as fórmulas sem a adição desses
componentes; apesar de não terem alcançado os níveis de ácidos graxos nos prematuros
alimentados com leite materno. Por isto, é incontestável que o leite materno é
a melhor forma de oferta desses ácidos graxos para o bebê. Além disso, mais
investigações são necessárias para analisar os possíveis efeitos do uso de
fórmulas infantis enriquecidas no desenvolvimento das crianças.
Conclusão
Nota-se
um projeto em curso, não somente para “customização” das fórmulas infantis, mas
também para instauração de uma imagem de “alimento funcional” diferenciado e
superior ao leite materno. Isto é, as fórmulas infantis tendem a evoluir na
contracorrente: em vez de convergirem para serem todas o mais similar possível
ao leite materno e, em decorrência, serem cada vez mais similares entre si,
elas, inversamente, se vergam às forças da concorrencialidade e procuram, por
ações de ordem mercadológica, se diferenciar mais e mais umas das outras.
Diferenciam-se adicionando substâncias que inspiram alegações nutricionais e de
saúde, como DHA, ARA, prebióticos, probióticos e entre outros, criando versões “premium”
que não beneficiam a todas as crianças.
Autores: Natália Silva de Santana, Nathalia Correia Nascimento e Rafael de Oliveira Batista.
Referências
KUS, Mahyara
Markievicz Mancio et al . Informação nutricional de fórmulas infantis
comercializadas no Estado de São Paulo: avaliação dos teores de lipídeos e
ácidos graxos. Rev. Nutr., Campinas , v. 24, n.
2, p. 209-218, Apr. 2011 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141552732011000200002&lng=en&nrm=iso>.
Acesso em: 08 Nov. 2018.
SILVA, Deila Regina
Bentes da; MIRANDA JUNIOR, Paulo Fernando; SOARES, Eliane de Abreu. A
importância dos ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa na gestação e
lactação. Rev. Bras. Saude Mater. Infant., Recife, v. 7, n.
2, p. 123-133, Apr. 2007. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151938292007000200002&lng=en&nrm=iso>.
Acesso em: 06 Nov. 2018.
Atualmente, existem diversas formulas infantis tentando chegar o mais próximo possível do leito materno mas mesmo assim a amamentação é de extrema importância para o desenvolvimento do bebe e isso vem escrito na própria embalagem das fórmulas infantis. Achei bem interessante a Danone fazer a adição de ácidos graxos, principalmente de DHA e ARA, que são encontrados 3 vezes mais no leite materno, e são de extrema importância para o desenvolvimento neurológico do bebe e nas outras marcas que já vi no mercado nunca tinha percebido adição desses ácidos graxos.
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