O mercado oferece alternativas para complementar as possíveis deficiências da dieta, dentre elas, o déficit de ingestão de vitamina C, suscitando o produto Redoxon₢, indicado como suplemento vitamínico. Mas até que ponto o produto se apresenta como alternativa saudável, em detrimento da inclusão de alimentos ricos em ácido ascórbico como laranja e acerola na dieta dos usuários?
A vitamina C (ou Ácido Ascórbico) participa de diversos processos
metabólicos, dentre eles a formação de colágeno, síntese de epinefrina,
corticosteroides e ácidos biliares, inativa radicais livres (antioxidante) e
aumenta a absorção de ferro, prevenindo a anemia ferropriva. A recomendação
diária de ingestão desta vitamina é de 45mg para adultos e de 25 – 35mg para
lactentes e crianças de acordo com a Anvisa, como observado na tabela abaixo.
O Redoxon₢ possui as
seguintes formas disponíveis no mercado: Comprimidos efervescentes de 1g e 2g
indicado para adultos e crianças acima de 12 anos; e Solução oral de 200mg/mL
(frasco de 20mL) indicado para crianças. Considerando que aproximadamente 50%
dessa dose será absorvida, observa-se que a dose diária recomendada é alcançada
e até ultrapassada com apenas uma dose. Como consequência do consumo excessivo
desta vitamina ou em superdosagem de Redoxon₢, é possível ocorrer quadros de diarreia,
pois a vitamina C pode levar ao carreamento de grande quantidade de água para o
interior do intestino; náuseas; vômitos e aumento da absorção de ferro, que
podem sobrecarregar rins e bexiga, na tentativa de excretar parte dessas
substâncias.
Analisando mais
profundamente, há o Redoxon₢ de 2g. Este apresenta corante amarelo de quinolina,
um artifício industrial para remeter o usuário à laranja, fruta bastante
conhecida por seu moderado teor de vitamina C. O uso deste corante pode
favorecer reações alérgicas em usuários, principalmente em subgrupos etários
como idosos. Ainda, na mesma formulação, é possível encontrar ciclamato de
sódio, um edulcorante cuja ação cancerígena já foi consolidada na literatura.
Na solução oral de
uso pediátrico podemos encontrar como conservante os parabenos (metil— e propilparabenos). O subgrupo etário para o
qual é direcionado este produto apresenta um sistema de metabolismo menos
desenvolvido quando comparado a de um adulto. Este fato, associado a presença
de corante caramelo, aumenta o risco associado a reações alérgicas em lactantes
e crianças.
O marketing sobre o produto é sedutor à medida que apresenta este
como um facilitador do consumo de vitamina C diário, uma vez que é mais simples
ingerir um comprimido que preparar um suco de laranja. Entretanto, até que
ponto a utilização de vitaminas sintéticas sobrepõe as vitaminas naturais?
O estudo de Vinson
& Boose compara a absorção do ácido ascórbico sintético, disponibilizado na
forma isolada, com extratos obtidos de frutas cítricas que, além do ácido
ascórbico, encontram-se bioflavonóides, proteínas e carboidratos. Os autores
observaram que numa dose única de 500 mg de ascorbato nas duas formas, o ácido
ascórbico do extrato foi absorvido em maior quantidade e mais lentamente que
sua forma pura, sugerindo que possa haver interações entre os compostos do
extrato que favorecem a absorção da vitamina C.
Portanto, vimos que a
vitamina C possui diversas funções importantes no organismo, sendo necessária
durante toda a vida, entretanto em excesso causa problemas.
Em suma, observamos as diversas funcionalidades
da vitamina C no organismo e a importância de manter seus níveis dentro da
faixa adequada. Ainda, apontamos como este nutriente pode ser adquirido através
de um produto comercial de origem farmacêutica e os potenciais riscos de seu
uso. Desta maneira, deixamos a pergunta: até que ponto, o uso da vitamina C
sintética apresenta mais benefícios quando comparada ao natural?
Referências
Anvisa, Portaria nº 32, de 13 de Janeiro de 1998
Anvisa, Resolução CNNPA nº44 de 1977
Anvisa, Resolução CNNPA nº44 de 1977
Medical
Reference Guide; Medical Center of University of Maryland; Junho, 2013. http://umm.edu/health/medical/altmed/supplement/vitamin-c-ascorbic-acid Acessado em 28 de junho de
2015.
VINSON,
J.A., BOSE, P. Comparative
Bioavailability of Synthetic and Natural Vitamin C in Guinea Pig; Nutrition
Reports International, 27, no.4, 1983.
Cebrim Informa; Uso Racional da Vitamina C (Ácido
Ascórbico) http://www.cff.org.br/userfiles/file/cebrim/Cebrim%20Informa/Uso%20Racional%20da%20Vitamina%20C%2018-03-2013.pdf Acessado em 28 de Junho
de 2015.
ARANHA, F.Q., et al. O Papel da Vitamina C sobre as Alterações Orgânicas nos Idosos,
Revista de Nutrição, vol.13, no.2, Campinas Mai/Ago. 2000.
Artigo escrito por Fernanda Araújo (111026939) e Raíssa Rocha (111207462)
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