Em vista do crescente número de pessoas que apresentam algum tipo de distúrbio metabólico e necessitam, por isso, diminuir ou mesmo cessar seu consumo de açúcar, vários centros de pesquisa nacionais e estrangeiros têm tentado encontrar um substituto do açúcar que seja, ao mesmo tempo, nutritivo e benéfico para a saúde, atuando na cura ou na prevenção de doenças. Abrindo espaço para o atual queridinho das nutricionistas blogueiras: Xylitol!
Hipótese:
Um dos efeitos negativos do açúcar é que ele pode gerar picos nos níveis de glicemia no sangue – e também nos níveis de insulina. Devido à alta quantidade de frutose, isso também pode levar a resistência à insulina e a diversos tipos de problemas metabólicos, quando consumido em excesso. Isso acontece porque o açúcar de mesa é parte glicose (que eleva a secreção de insulina) e parte frutose (que causa resistência à insulina) – o que forma, dessa maneira, uma combinação bem perigosa para a saúde. Nesse contexto, o xilitol contém zero de frutose e tem efeitos insignificantes na glicose sanguínea e na insulina. Ou seja, o xilitol se parece visualmente com o açúcar e tem gosto de açúcar, mas tem menos calorias do que o açúcar e não eleva os níveis de açúcar no sangue.
Descrição:
Xylitol – Power One – 200g é um adoçante dietético, de baixa caloria, não cariogênico, possuindo efeito refrescante, além de não possuir adoçantes artificiais, glúten e lactose. Seu uso é recomendado para adoçar bebidas e também para preparar doces em geral, pois suas moléculas não se quebram com o calor como alguns outros adoçantes. O Xylitol pode ser usado na mesma proporção do açúcar 1 para 1, não ultrapassando o consumo diário de 60g por dia. Abaixo segue a informação nutricional do produto:
Fundamentos Bromatológicos:
O Xilitol é uma substância que é classificada como um álcool de açúcar (ou um poliól). Álcoois de açúcar são como um híbrido entre uma molécula de álcool e uma de açúcar. Devido a sua estrutura, eles têm a capacidade de estimular os receptores do sabor doce na língua. O xilitol é encontrado em pequenas quantidades em frutas e vegetais e, portanto, é considerado natural. Os seres humanos até mesmo produzem pequenas quantidades dele através do metabolismo normal. É um ingrediente comum em gomas de mascar sem açúcar, doces, balas, alimentos para portadores de diabetes e produtos para a higiene bucal. O xilitol tem uma doçura semelhante ao açúcar regular, mas contém 40% menos calorias. Apesar de álcoois de açúcar serem tecnicamente carboidratos, a maioria deles não elevam os níveis de açúcar no sangue e, portanto, não contam como “consumo líquido” de carboidratos, tornando-os adoçantes populares em produtos voltados para uma dieta low-carb. O xilitol contém zero de frutose e tem efeitos insignificantes na glicose sanguínea e na insulina. Portanto, nenhum dos efeitos nocivos do açúcar se aplicam ao xilitol. O xilitol é geralmente bem tolerado, mas algumas pessoas apresentam efeitos colaterais gastrointestinais quando o consomem em excesso. De toda forma, a longo prazo, o consumo de xilitol parecem ser completamente seguro.
Legislação:
- RDC – Nº - 271, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005 – REGULAMENTO TÉCNICO PARA AÇUCARES E PRODUTOS PARA ADOÇAR. Que visa fixar a identidade e as características mínimas de qualidade a que devem obedecer os Açúcares e Produtos para Adoçar. Excluem-se, deste Regulamento, os adoçantes dietéticos formulados para dietas com restrição de sacarose, frutose e ou glicose. Descrevendo a composição dos produtos para que possam ser considerados um adoçante de mesa: "Os adoçantes de mesa podem conter os seguintes veículos em sua composição: álcool etílico, amidos, água, amidos modificados; dextrinas; dextrose; fruto-oligossacarídeos; isomalto-oligossacarídeos; frutose e seus xaropes; xarope de glicose; glicerina ou glicerol; isomalte; lactose; maltitol e seu xarope; maltodextrina; manitol; polidextrose; polietileno glicol; propilenoglicol; sacarose; sorbitol; e outros previstos em Regulamentos Técnicos específicos".
Conclusão:
Desde a sua aprovação, em 1963, o uso de xilitol em dietas alimentares vem sendo adotado por muitas nações. Também a partir daí, tiveram início muitas pesquisas buscando encontrar aplicações clínicas para esse composto. Hoje, com um grande número de trabalhos já concluídos, sabe-se que o xilitol traz benefícios à saúde humana e pode ser utilizado na área médica para tratamento ou prevenção de doenças. Sua maior aplicação até hoje é na saúde bucal, uma vez que já foi comprovada sua eficiência na redução da incidência de cáries, na estabilização das cáries já formadas e na remineralização dos dentes. O xilitol também tem sido empregado com êxito no tratamento de otites médias agudas e infecções respiratórias, devido ao fato de as espécies bacterianas presentes na nasofaringe, assim como as espécies presentes na flora bucal, não possuírem as enzimas responsáveis pelo metabolismo do xilitol-5-fosfato (composto formado pela fosforilação do xilitol dentro da célula). O acúmulo deste composto dentro a célula é tóxico ao microrganismo, afetando seu crescimento e diminuindo seu tempo de sobrevivência. Outra aplicação clínica de grande importância do xilitol é quanto ao seu uso por pessoas diabéticas, o que é possível devido a este não promover aumento significativo na concentração de glicose no sangue.
No que se refere aos processos de produção de xilitol, a via química convencional tem o inconveniente de exigir um grande aporte energético, fato esse que encarece o produto, tornando-o, em relação a outros adoçantes, pouco competitivo para aplicação nas indústrias de alimentos e de fármacos. Por essa razão, diversos centros de pesquisa vêm-se dedicando ao desenvolvimento do processo de produção de xilitol por via biotecnológica, que requer um aporte menor de energia e pode, portanto, tornar o processo economicamente mais viável. Assim, espera-se
que, em um futuro próximo, o xilitol seja mais amplamente comercializado no mercado, não somente como adoçante de alimentos, mas também como ingrediente de produtos farmacêuticos.
Referências:
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