A palavra Nutracêuticos deriva da
junção de duas palavras Nutrição e Farmacêutico. Dois campos bem amplos da
ciência que visam principalmente a manutenção da boa saúde do ser humano. Em
pratica, produtos Nutracêuticos são definidos conforme a Fundação de Inovação
em Medicamentos (Nova Iorque, EUA, 1989) como “produtos isolados ou purificados de alimentos, geralmente vendidos sob
formas medicinais, não associados a alimentos e que demonstrem ter benefícios
fisiológicos e a saúde, incluindo a prevenção e o tratamento de doenças.” Tal
definição atribui grandes promessas a essa classe de substâncias e
consequentemente grande valor associado atribuído pelas indústrias que os
produzem.
O consumo
de tal produto começou no Japão em 1980 incentivado pelo Ministério da Saúde
Japonês na qual o mesmo incentivou a população ao consumo de alimentos que
garantissem boa saúde a população. Tal incentivo criou o conceito de FOSHU:
Foods For Specified Health Use descrito como ”Alimentos projetados e
processados para suprir funções relacionadas aos mecanismos de defesa do
organismo, controle do ritmo corporal e prevenção e recuperação de doenças.”
Atualmente, os Nutracêuticos podem ser encontrados
nas prateleiras principalmente de farmácias, loja de suplementos e mercados,
cada um prometendo melhorar as funções fisiológicas de nosso organismo. Tais
promessas envolvem combate aos radicais livres, melhorar o desempenho do
sistema imune, melhorar a função cardiovascular e eles não param por ai. Alguns
de seus efeitos estão associados a percepção de alguns grupos populacionais com
observação de redução ou aparecimento de algumas doenças. Um exemplo muito
expressivo é a Dieta do Mediterrâneo, onde esse grupo populacional tem
uma diminuição da mortalidade por doenças cardiovasculares. Tal efeito foi
associado ao consumo de “gorduras boas” tais como o Ômega-3, que se popularizou
como nutracêutico e hoje é vendido em capsulas gelatinosas. Outros exemplos de
nutracêuticos são o Licopeno presente no Tomate e o Resveratrol presente no
vinho.
A
ANVISA através da “Comissão de Assessoramento Técnico Científico em Alimentos
Funcionais e Novos Alimentos” estabelece as normas para comercialização desses
alimentos. A ANVISA não reconhece o termo nutracêutico. No entanto, a Resolução
RDC nº 2, de 2002, define substância bioativa, a definição oficial mais
equiparável a nutracêuticos. Essa é definida como nutriente ou não nutriente
com ação metabólica ou fisiológica específica no organismo, devendo estar
presente em fontes alimentares, seja de origem natural ou sintética, sem
finalidade medicamentosa ou terapêutica (BRASIL, 2002).
O
uso de Nutracêuticos jamais deve ser em detrimento a uma alimentação
equilibrada. Uma dieta equilibrada é provada ter a composição ideal para a boa
manutenção do corpo humano assim como a prevenção de doenças. Apesar disso,
alguns alimentos estão sobre o efeito da sazonalidade o que dificulta o acesso
a eles. Nesse caso, pode-se pensar junto como auxilio médico o uso dos
Nutracêuticos como possível ajuda para esse “gap nutricional,” digamos assim.
Coenzima Q-10: Relevância Nutricional
A Coenzima-Q10 é um antioxidante naturalmente
produzido no corpo e está presente em maior quantidade nas células com alta
atividade produtora de energia tais quais as do coração, vasos sanguíneos,
fígado e músculo. Ela atua na cadeia transportadora de elétrons mitocondrial
fazendo a transferência entre o Complexo 1 e 2 para o Complexo enzimático 3. É
produzida a partir do Acetil-CoA no ciclo do Mevalonato juntamente com o
Colesterol. Está contida em alimentos como soja, amêndoas, carne vermelha, aves
e sardinhas e sua deficiência ocorre em certas condições como: idade, diabetes,
HIV/AIDS, distrofia muscular e Parkinson. Segundo a Mayo Clinic, há forte
evidência que sua a deficiência de Coenzima Q10 cause insuficiência cardíaca,
aumento da pressão sanguínea e dor no peito. Além do mais, sua suplementação
pode ser efetiva
.
Popularmente,
a Coenzima Q10 é vendida na forma de cápsulas, e esta é usada por atletas que
esperam por um melhor rendimento nas atividades físicas além dos efeitos
indicados como melhorar a função cardiovascular. Suas capsulas apresentam
concentração de 50 ou 100mg de Q10/Cápsula dependendo do fabricante e seus
preços variam de R$ 76,60 até 153,80 dependendo da concentração. Um estudo
clínico demonstrou os efeitos da Coenzima Q10 sobre a fadiga de atletas que
consumiam 300mg em comparação ao placebo e 100mg e o estudo constatou a
eficiência do uso de 300mg de Q10 no desempenho físico e sensação de fadiga
causada por esforço físico.
Conclusões
O conceito de nutracêutico é bem amplo, de difícil
definição e envolve duas áreas distintas além das controvérsias sobre a
necessidade do uso de alguns desses produtos. Em contra partida outras
substâncias são de extrema importância para a manutenção de uma boa saúde.
A
suplementação de Coenzima Q10 através de capsulas pode não ser uma opção
acessível a todos uma vez que é necessário o consumo de 3 vezes a indicação do
rótulo o que deixa o consumo da mesma algo bem caro.
Referências:
ANVISA. RDC
N° 2, DE 07 DE JANEIRO DE 2002: Aprova o Regulamento Técnico de
Substâncias Bioativas e Probióticos Isolados com Alegação de Propriedades
Funcional e ou de Saúde.. 2 ed. Brasília, 2002. 9 p. Disponível em:<http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/1c77370047457bcc8888dc3fbc4c6735/RDC_02_2002.pdf?MOD=AJPERES>.
Acesso em: 28 fev. 2016.
COZZOLINO, S. Nutracêuticos: o
que significa? In: ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e
da Síndrome Metabólica. Fev, 2012, p. 5-7. Disponível em:
http://www.abeso.org.br/pdf/revista55/artigo.pdf.
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