Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

terça-feira, 1 de março de 2016

Nutracêticos e Coenzima Q10 – Relevâncias Nutricionais


            A palavra Nutracêuticos deriva da junção de duas palavras Nutrição e Farmacêutico. Dois campos bem amplos da ciência que visam principalmente a manutenção da boa saúde do ser humano. Em pratica, produtos Nutracêuticos são definidos conforme a Fundação de Inovação em Medicamentos (Nova Iorque, EUA, 1989) como “produtos isolados ou purificados de alimentos, geralmente vendidos sob formas medicinais, não associados a alimentos e que demonstrem ter benefícios fisiológicos e a saúde, incluindo a prevenção e o tratamento de doenças.” Tal definição atribui grandes promessas a essa classe de substâncias e consequentemente grande valor associado atribuído pelas indústrias que os produzem.

            O consumo de tal produto começou no Japão em 1980 incentivado pelo Ministério da Saúde Japonês na qual o mesmo incentivou a população ao consumo de alimentos que garantissem boa saúde a população. Tal incentivo criou o conceito de FOSHU: Foods For Specified Health Use descrito como ”Alimentos projetados e processados para suprir funções relacionadas aos mecanismos de defesa do organismo, controle do ritmo corporal e prevenção e recuperação de doenças.”

            Atualmente, os Nutracêuticos podem ser encontrados nas prateleiras principalmente de farmácias, loja de suplementos e mercados, cada um prometendo melhorar as funções fisiológicas de nosso organismo. Tais promessas envolvem combate aos radicais livres, melhorar o desempenho do sistema imune, melhorar a função cardiovascular e eles não param por ai. Alguns de seus efeitos estão associados a percepção de alguns grupos populacionais com observação de redução ou aparecimento de algumas doenças. Um exemplo muito expressivo é a Dieta do Mediterrâneo, onde esse grupo populacional tem uma diminuição da mortalidade por doenças cardiovasculares. Tal efeito foi associado ao consumo de “gorduras boas” tais como o Ômega-3, que se popularizou como nutracêutico e hoje é vendido em capsulas gelatinosas. Outros exemplos de nutracêuticos são o Licopeno presente no Tomate e o Resveratrol presente no vinho.

            A ANVISA através da “Comissão de Assessoramento Técnico Científico em Alimentos Funcionais e Novos Alimentos” estabelece as normas para comercialização desses alimentos. A ANVISA não reconhece o termo nutracêutico. No entanto, a Resolução RDC nº 2, de 2002, define substância bioativa, a definição oficial mais equiparável a nutracêuticos. Essa é definida como nutriente ou não nutriente com ação metabólica ou fisiológica específica no organismo, devendo estar presente em fontes alimentares, seja de origem natural ou sintética, sem finalidade medicamentosa ou terapêutica (BRASIL, 2002).

            O uso de Nutracêuticos jamais deve ser em detrimento a uma alimentação equilibrada. Uma dieta equilibrada é provada ter a composição ideal para a boa manutenção do corpo humano assim como a prevenção de doenças. Apesar disso, alguns alimentos estão sobre o efeito da sazonalidade o que dificulta o acesso a eles. Nesse caso, pode-se pensar junto como auxilio médico o uso dos Nutracêuticos como possível ajuda para esse “gap nutricional,” digamos assim.

Coenzima Q-10: Relevância Nutricional

          A Coenzima-Q10 é um antioxidante naturalmente produzido no corpo e está presente em maior quantidade nas células com alta atividade produtora de energia tais quais as do coração, vasos sanguíneos, fígado e músculo. Ela atua na cadeia transportadora de elétrons mitocondrial fazendo a transferência entre o Complexo 1 e 2 para o Complexo enzimático 3. É produzida a partir do Acetil-CoA no ciclo do Mevalonato juntamente com o Colesterol. Está contida em alimentos como soja, amêndoas, carne vermelha, aves e sardinhas e sua deficiência ocorre em certas condições como: idade, diabetes, HIV/AIDS, distrofia muscular e Parkinson. Segundo a Mayo Clinic, há forte evidência que sua a deficiência de Coenzima Q10 cause insuficiência cardíaca, aumento da pressão sanguínea e dor no peito. Além do mais, sua suplementação pode ser efetiva
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            Popularmente, a Coenzima Q10 é vendida na forma de cápsulas, e esta é usada por atletas que esperam por um melhor rendimento nas atividades físicas além dos efeitos indicados como melhorar a função cardiovascular. Suas capsulas apresentam concentração de 50 ou 100mg de Q10/Cápsula dependendo do fabricante e seus preços variam de R$ 76,60 até 153,80 dependendo da concentração. Um estudo clínico demonstrou os efeitos da Coenzima Q10 sobre a fadiga de atletas que consumiam 300mg em comparação ao placebo e 100mg e o estudo constatou a eficiência do uso de 300mg de Q10 no desempenho físico e sensação de fadiga causada por esforço físico.

Conclusões

            O conceito de nutracêutico é bem amplo, de difícil definição e envolve duas áreas distintas além das controvérsias sobre a necessidade do uso de alguns desses produtos. Em contra partida outras substâncias são de extrema importância para a manutenção de uma boa saúde.

            A suplementação de Coenzima Q10 através de capsulas pode não ser uma opção acessível a todos uma vez que é necessário o consumo de 3 vezes a indicação do rótulo o que deixa o consumo da mesma algo bem caro.

Referências:
ANVISA. RDC N° 2, DE 07 DE JANEIRO DE 2002: Aprova o Regulamento Técnico de Substâncias Bioativas e Probióticos Isolados com Alegação de Propriedades Funcional e ou de Saúde.. 2 ed. Brasília, 2002. 9 p. Disponível em:<http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/1c77370047457bcc8888dc3fbc4c6735/RDC_02_2002.pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em: 28 fev. 2016.
COZZOLINO, S. Nutracêuticos: o que significa? In: ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Fev, 2012, p. 5-7. Disponível em: http://www.abeso.org.br/pdf/revista55/artigo.pdf.
MIZUNO, Kei et al. Antifatigue effects of coenzyme Q10 during physical fatigue. Nutrition, [s.l.], v. 24, n. 4, p.293-299, abr. 2008. Elsevier BV. DOI: 10.1016/j.nut.2007.12.007. Disponível em: <http://api.elsevier.com/content/article/PII:S0899900707003826?httpAccept=text/xml>. Acesso em: 28 fev. 2016.
TRICHOPOULOU, Antonia et al. Adherence to a Mediterranean Diet and Survival in a Greek Population. New England Journal Of Medicine, [s.l.], v. 348, n. 26, p.2599-2608, 26 jun. 2003. New England Journal of Medicine (NEJM/MMS). DOI: 10.1056/nejmoa025039.